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Lula prevê acordo com Trump e diz que Bolsonaro é "página virada"

Presidente relatou conversa "respeitosa" com o líder dos EUA e afirmou que os países devem resolver impasse tarifário nas próximas semanas.

27/10/2025 às 09h59

27/10/2025 às 09h59

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, 27, em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, que está convencido de que o Brasil e os Estados Unidos chegarão a um acordo comercial em breve, após o encontro com o presidente Donald Trump, realizado no sábado, 25, na capital da Malásia. "Se depender do Trump e de mim, haverá acordo", disse Lula, destacando que a conversa foi "surpreendentemente boa" e conduzida com respeito mútuo, apesar das diferenças ideológicas entre os dois.

"O fato de termos posições políticas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem a relação entre seus países com respeito. Ele me respeita porque fui eleito pelo voto democrático do povo brasileiro, e eu o respeito porque foi eleito pelo povo americano", afirmou.

Lula prevê acordo com Trump e diz que Bolsonaro é "página virada" - (Reprodução/X) Reprodução/X
Lula prevê acordo com Trump e diz que Bolsonaro é "página virada"

Lula contou que entregou por escrito as demandas do governo brasileiro e reforçou o pedido de suspensão das tarifas impostas a produtos nacionais, que considera "injustas e baseadas em informações equivocadas". "Disse a ele (Trump) que as decisões foram infundadas e que os dados sobre o Brasil estavam errados. Mostrei que os Estados Unidos tiveram superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos", declarou.

Segundo o presidente, Trump demonstrou disposição para resolver o impasse rapidamente e orientou sua equipe a buscar uma solução em poucas semanas. "Quando duas pessoas querem negociar de verdade, tudo fica mais fácil. Nós dois queremos o mesmo: que Brasil e Estados Unidos voltem a ter uma relação de confiança e de benefício mútuo."

Lula relatou ainda que, durante o encontro, rechaçou qualquer tentativa de politização das relações bilaterais e defendeu a seriedade das instituições brasileiras. Ele disse ter explicado a Trump que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi conduzido com "provas contundentes e base legal sólida". "Disse a ele a gravidade do que tentaram fazer no Brasil. Havia um plano para matar o presidente, o vice e o ministro Alexandre de Moraes. Ele entendeu a seriedade do caso e ficou surpreso com as informações", afirmou Lula. O presidente reforçou que o diálogo foi "franco e respeitoso" e que ambos deixaram claro que as divergências ideológicas não interferirão nas negociações. "Quem imaginava que eu não teria relação com os Estados Unidos perdeu. Vai ter, e vai ser uma relação produtiva entre dois países democráticos."

O ministro Mauro Vieira disse nesta segunda-feira, dia 27, que o governo americano concordou com um cronograma de negociações com o Brasil para chegar a um acordo sobre o tarifaço contra o Brasil, nas próximas semanas.

As reuniões na Malásia não foram suficientes para suspensão das tarifas impostas pelos EUA, como pedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Donald Trump.

Vieira comentou a reunião de negociação realizada nesta manhã, no horário local da Malásia, a mando de Trump e Lula. Segundo ele, os dois países concordaram com um cronograma de negociação

O ministro não anunciou a suspensão das tarifas temporariamente durante esse tempo, como requisitou Lula ao presidente americano

Eles deixaram o hotel do presidente Lula por volta das 8h da manhã (no horário local). Do lado brasileiro, participaram o ministro Vieira, o secretário-executivo Márcio Elias Rosa, do MDIC, e o embaixador Audo Faleiro, assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial da Presidência.

Lula e Donald Trump. - (Reprodução/X) Reprodução/X
Lula e Donald Trump.

"Deveremos ter um acordo nas próximas semanas", disse Elias Rosa "Os aspectos políticos já não estão mais na mesa, aquilo que nunca poderia ter estado. Hoje fazemos a discussão de um acordo comercial e não de outra natureza. O Brasil vai enviar uma equipe de alto nível a Washington, segundo o governo brasileiro

Pelo lado americano, houve a presença do representante comercial Jamieson Greer, e do secretário de Tesouro, Scott Bessent.

A reunião ocorreu no hotel The Ritz Carlton, local de hospedagem da delegação de Trump.

Conversa sobre Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, 27, em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) "faz parte do passado da política brasileira".

A declaração foi dada ao comentar a conversa que teve com o presidente Donald Trump, no sábado, 25, na capital da Malásia. Segundo Lula, o líder americano demonstrou compreender "a gravidade do que ocorreu no Brasil" e a seriedade do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Expliquei a ele que o julgamento foi muito sério, com provas contundentes, e que o que tentaram fazer no Brasil foi grave", disse Lula.

O presidente afirmou que, para Trump, o assunto é "página virada" e que as relações entre Brasil e Estados Unidos seguirão em novo patamar. "Com três reuniões que ele fizer comigo, vai perceber que o Bolsonaro era nada, praticamente", declarou.

Relação entre Brasil e China

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda disse nesta segunda-feira, 27, em entrevista coletiva em Kuala Lumpur (Malásia), que o acordo comercial em negociação com os Estados Unidos para reverter o tarifaço não altera a relação do Brasil com a China, principal parceiro comercial do País.

"Isso não tem nenhuma implicação na relação do Brasil com a China. São coisas totalmente distintas", disse Lula, ao responder se o diálogo com Washington exigiria algum tipo de reequilíbrio na política externa brasileira.

O presidente afirmou que o Brasil continuará mantendo relações autônomas e equilibradas com todos os parceiros, incluindo a União Europeia. "Não há condicionalidade para que a gente possa fazer um acordo, e nem eu aceitaria condicionalidade. Os Estados Unidos estão de acordo com quem quiser, e eu faço acordo com quem quiser", declarou.

Lula reforçou que o Brasil busca ampliar sua presença econômica internacional com base no pragmatismo e na defesa da soberania. "Vamos fazer o acordo o mais rápido possível, mas mantendo a liberdade de relação com todos os países."


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Por Estadão Conteúdo.