A Polícia Federal apreendeu a gravação de uma reunião secreta do ex-presidente Jair Bolsonaro com ministros em 2022. Na reunião, Bolsonaro na época presidente, questionava a conduta dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A gravação do dia 5 de julho de 2022, considerada como “dinâmica golpista” foi apreendida na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenete-coronel Mauro Cid. Durante a cúpula, Bolsonaro supõe fraude nas urnas e tece críticas diretas aos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
“Os caras tão preparando tudo pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e por quê. Alguém acredita aqui em Fachin, em Barroso, em Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se você acredita, levanta o braço. Acredita que eles são pessoas isentas, que estão preocupadas em fazer justiça, em seguir a Constituição, tudo que estão vendo acontecer?”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro ainda afirmou a possibilidade de uma situação caótica no Brasil caso perdesse a eleição presidencial.
“Pra gente ver o que tá acontecendo. Tá na nossa cara. A guerra de papel e caneta, a gente não vai ganhar essa guerra, a gente tem que ser mais contundente, como eu vou começar a ser com os embaixadores, porque se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. Ou a gente vai reagir, vai ser um caos. Vai pegar fogo o Brasil“, declara o chefe do Executivo.
Por que Bolsonaro foi alvo de operação da PF?
A Operação Tempus Veritatis deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (08), revelou a dinâmica do grupo de Bolsonaro em uma suposta tentativa de fraude nas eleições de 2022. Segundo a PF, o grupo se ramificou em núcleos para disseminar informações falsas sobre golpe na corrida eleitoral. A ação aconteceu antes mesmo do pleito para "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".
O primeiro grupo era responsável de propagar a versão de fraude nas eleições. O grupo espalhou mentiras sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação e questionamentos sobre a veracidade das urnas. De acordo com a PF, o discurso é repetido pelos investigados desde 2019 e continuou após a vitória do presidente Lula (PT).
O segundo eixo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado. Segundo a PF, o grupo tinha apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
Defesa de Bolsonaro rebate
Em nota, a defesa do ex-chefe de Estado afirmou que Bolsonaro não compactuou com qualquer movimento antidemocrático.
“A despeito disso, desde março vem sendo alvo de repetidos procedimentos, que insistem em uma narrativa divorciada de quaisquer elementos que amparassem as graves suspeitas que repetidamente lhe vem sendo impingidas", diz nota.