A 15ª edição da pesquisa TIC Educação, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), apresenta dados sobre o uso da Inteligência Artificial Generativa (IAG) na educação e na vida dos estudantes brasileiros. Segundo o estudo, sete em cada dez estudantes brasileiros do Ensino Médio que utilizam a Internet já estão recorrendo a ferramentas de inteligência artificial generativa, como ChatGPT, Copilot e Gemini, para auxiliar em suas pesquisas escolares. Essa adoção massiva traz outra revelação: apenas 32% desses alunos afirmam ter recebido qualquer tipo de orientação nas escolas sobre como utilizar essas tecnologias de forma crítica e segura. No Ensino Fundamental, ainda que em menor escala, o uso de IA generativa também aparece entre alunos dos anos iniciais (15%) e finais (39%). Considerando o conjunto de estudantes usuários de Internet dos ensinos Fundamental e Médio, a proporção atinge 37%. Entre eles, apenas 19% afirmam ter sido instruídos por professores sobre como aplicar a tecnologia em atividades de aprendizagem.
A pesquisa TIC Educação 2024 também investigou, pela primeira vez, os recursos adotados pelos estudantes na realização de pesquisas escolares. 72% mencionaram canais e aplicativos de vídeo como fontes de informação, praticamente, a mesma porcentagem dos que recorrem a sites de busca (74%).
Essas estatísticas não apenas validam o uso da tecnologia e a onipresença da IA no dia a dia dos estudantes, também revelam uma desconexão entre a prática dos estudantes e a mediação pedagógica oferecida pelas instituições de ensino. Situação ainda mais delicada quando consideramos que, embora 54% dos professores tenham feito formação em tecnologias digitais, apenas 59% participaram de cursos sobre uso de IA em atividades educacionais, uma lacuna.na formação docente que precisa ser corrigida.
A ausência de orientação pedagógica não significa que os alunos deixarão de usar essas ferramentas; significa que o farão sem o discernimento necessário, sem a capacidade de avaliar a veracidade das informações, de identificar vieses ou de compreender as implicações éticas do uso da IA. Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br, ressalta essa questão ao ponderar que “a IA generativa já é uma realidade para mais de dois terços dos alunos do Ensino Médio, mas essa adoção ainda carece de mediação pedagógica estruturada para o uso crítico”.
Os dados da TIC Educação 2024 nos apresentam um retrato complexo e multifacetado da educação brasileira na era digital. Mas é preciso entender que desafios também significam oportunidades: de investimentos na formação continuada de professores, de integração da educação digital e midiática no currículo escolar, além de políticas públicas que ampliem o acesso à infraestrutura e dispositivos tecnológicos, garantindo que nenhum estudante seja abandonado nessa revolução que, vale destacar, não é para o futuro, já acontece agora. Com informações Cetic.br