Os presos na Operação Gabinete de Ouro e na Operação Interpostos ainda não foram todos ouvidos pela polícia. As ações foram deflagradas simultaneamente nesta terça (14) e resultou na prisão de quatro pessoas, entre eles: a ex-assessora do ex-prefeito Dr. Pessoa, Sol Pessoa, e empresário Marcus Almeida de Moura. Também são investigados o ex-vereador e ex-presidente da Fundação Monsenhor Chaves, Stanley Freire, e um outro ex-parlamentar de Teresina que não teve o nome informado. Até o momento, apenas Marcus foi ouvido pela polícia.
Os advogados dos demais pediram mais prazo para que pudessem analisar os documentos que embasaram as prisões. Ao Portalodia.com, o responsável pelo inquérito, delegado Ferdinando Martins, explicou que os presos demonstraram vontade em cooperar com as investigações, inclusive em colaboração com a polícia por meio do fornecimento de informações para nortear o inquérito.
"Alguns dizem que vão colaborar e que não têm qualquer motivo para esconder os dados. Estamos aguardando a oitiva deles. No momento, a prisão é temporária. Depois dos cinco dias, podemos pedir a prorrogação ou a conversão em preventiva. Nosso objetivo é concluir a oitiva de todos eles até amanhã de manhã, quando vamos deliberar se pedimos ou não a prorrogação ou a preventiva. Tudo vai depender da análise do material", disse o delegado Ferdinando.
Entre as provas que estão sendo analisadas está o relatório financeiro do Coaf que aponta movimentações atípicas nas contas dos envolvidos no esquema de corrupção na Prefeitura. Os documentos mostram que a ex-assessora, Sol Pessoa, encabeçava os desvios de recursos por meio da realocação e lotação de terceirizados e da manipulação dos pagamentos de servidores. Os valores desviados chegam a R$ 75 milhões.
Os demais suspeitos de envolvimento agia como intermediadores, por isso foram alvo da Operação Interpostos, que investiga fraudes em contratos firmados com empresas para prestação de serviços públicos. Dos alvos da Operação Interpostos, apenas Marcus Almeida foi ouvido até o momento. Sol Pessoa, cujo nome é citado na Operação Gabinete de Ouro, passa por audiência de custódia ainda hoje.
Quando ao esquema de "rachadinha" que foi detectado na investigação, a polícia ainda considera prematuro formar juízo de valor sobre os servidores que davam parte de seus salários aos envolvidos no esquema. Um motorista da Prefeitura chegou a pagar R$ 150 mil à empreiteira responsável pela construção da casa de Sol Pessoa em uma única transação.
"Estamos analisando estas situações e materiais apreendidos. Os celulares dos alvos foram fornecidos e vamos nos debruçar sobre estas situações, formando o vínculo entre eles, confirmando o que a gente já tem e, quem sabe, avançar a investigação para outro patamar", diz o delegado, acrescentando que aqueles que deram suas contas pessoais para depósito de dinheiro serão convocados e ouvidos. "É uma investigação bem densa e complexa. Aqui foi só uma primeira etapa, uma preliminar de outras diligências que vão evoluir a depender do material que for encontrado", finaliza.
Empresário não citou Dr. Pessoa em depoimento
Em seu depoimento à polícia, o empresário Marcus Almeida de Moura não citou o nome de Dr. Pessoa. A oitiva, segundo o delegado Ferdinando, foi bastante ampla e sem muitos detalhes sobre como o esquema funcionava.
"Ele não citou nomes e nem mencionou o ex-prefeito. Disse que não tinha qualquer controle sobre terceirizados e que apenas recebia alguns pedidos da própria Sol e de outros gestores dentro de lotações de servidores. Mas disse que não tinha qualquer controle sobre a remuneração de servidores", pontuou o delegado.
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