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Saiba como agiam os advogados suspeitos de fraudes em processos do TJPI

Pelo menos 12 advogados estão sendo investigados pela Polícia Civil por suspeita de fraudarem processos no Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI). A operação deflagrada nesta quarta (13) é a continuação da Operação Usuário Zero, que resultou na prisão de um ex-servidor do TJPI em Teresina. À época, João Gabriel Costa Cardoso foi identificado como sendo o operador do esquema, inserindo decisões fraudulentas no PJe do Tribunal de Justiça para beneficiar partes e um grupo de advogados.

Segundo o delegado Yan Brayner, da Inteligência da Polícia Civil, o esquema iniciou a partir do momento em que João Gabriel identificou uma vulnerabilidade no PJe e se utilizou dela para cadastrar usuários falsos e inserir decisões forjadas em processos. Estagiários e servidores estranharam determinadas movimentações processuais e acionaram a Corregedoria do TJ, que iniciou uma investigação interna. Quando foram detectadas invasões ao sistema, o Judiciário pediu à polícia abertura de inquérito.

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Saiba como agiam os advogados suspeitos de fraudes em processos do TJPI

Gabriel pesquisou no Google “Como alterar o e-mail do PJe” e, através disso, começou a cadastrar usuários falsos, forjando diversos logins através dos quais alterava decisões judiciais ilegalmente. Estas decisões beneficiavam determinadas partes em processos judiciais e também advogados. A maioria dos processos eram relacionados a apreensão de veículos, mas havia processos da Vara de Família e até tentativa de fraude a concursos públicos por meio de decisões judiciais.

Quando a ação foi deflagrada inicialmente, em outubro de 2024, a polícia disse que João Gabriel recebia de R$ 2 a R$ 3 mil de advogados por invasão e inserção de documento falso bem sucedida. “A gente analisou todos aqueles processos que o TJ concluiu que houve inserção de minutas fraudulentas e comunicou à polícia. São mais de 30 processos. Notamos um padrão de atuação dos criminosos que, por vezes, adotavam a mesma tramitação processual. Muitos deles se repetiam como advogados desses processos fraudados”, relatou o delegado Yan Brayner.

Arquivo O Dia
O delegado Yan Brainer é diretor de Inteligência da Polícia Civil

Algumas das minutas chegaram a ser assinadas por juízes e desembargadores, que acreditaram que os documentos haviam sido produzidos por assessores de seus gabinetes. Em alguns casos, os magistrados desconfiavam do usuário que movimentava o processo e evitavam assinar. A vulnerabilidade do PJe que permitia o cadastro de usuários falsos já foi corrigida, segundo a polícia e o próprio Tribunal.

Chamou a atenção da polícia a ampla atuação dos advogados investigados: há registros de fraudes em Teresina, Picos, São Luís, Palmas-TO e no Distrito Federal. É que hoje é permitido a advogados terem inscrições em mais de uma seccional da Ordem. Isso os autoriza a ter acesso a processos em vários estados ao mesmo tempo.

Nenhuma prisão foi efetuada hoje (13), mas a polícia pediu o sequestro de R$ 1 milhão em bens do grupo investigado e apreendeu pelo menos cinco veículos de luxo. A OAB-PI ainda não se pronunciou sobre a ação.

Divulgação
Carros apreendidos na operação

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