Há ordem no caos. Essa é a premissa do efeito borboleta, uma teoria cunhada em 1960 que sugere que pequenas ações ou mudanças podem ter grandes consequências. Algo aparentemente insignificante, como o bater de asas de uma borboleta, pode desencadear uma série de eventos. Esse é o conceito do novo espetáculo do multiartista piauiense Whindersson Nunes, que nos últimos anos conquistou o Brasil (e o mundo) com seu humor único.
O humorista, que estava afastado do stand-up há dois anos, está prestes a voltar aos palcos e esteve em Teresina nesta segunda-feira (19) para divulgar o “Efeito Borboleta”, show que terá a segunda parte gravado no estádio Albertão no próximo sábado (24). A primeira parte foi gravada na Casa da Ópera de Ouro Preto (MG).
Em conversa com o Portal O Dia, Whindersson comentou o que o motivou a retornar às apresentações de comédia. Para ele, o palco é uma extensão de sua vida. As piadas que nascem em casa e entre amigos ganham forma e, então, surge a vontade de levar a um público maior.
“Não tem como, dá vontade de fazer show. Gosto de criar coisas novas. Falo em casa, o pessoal ri. Falo para os amigos, eles riem. Então pensei, que seria legal falar para um público grande também”, disse.
O artista disse que sempre quis gravar um show no Piauí, especialmente por ser sua terra natal. “Nunca tinha gravado aqui porque nunca tinha achado o momento oportuno. Gravamos a primeira parte em Ouro Preto e a segunda parte será aqui para mostrar que o Piauí, para mim, faz parte de todos os shows que faço. Mesmo que eu não grave aqui, a história que eu tô contando, eu vivi aqui. As pessoas, os personagens que eu imito são pessoas que eu vi na minha cidade e nas minhas andanças por aqui. Então, acho que não faria sentido eu gravar em outro lugar que não aqui mesmo”.
Sobre a escolha do tema do novo espetáculo, Whindersson destacou que o conceito carrega um grande significado em sua vida. Ele explicou que, mesmo em meio ao caos, há uma ordem natural que organiza as coisas, e foi essa ordem que o conduziu até onde está hoje.
“O efeito borboleta fala sobre teoria do caos. Existe uma ordem na natureza onde as coisas se organizam. Elas se atrapalham, mas se organizam. Nós vemos isso acontecer. Há momentos da vida em que vivemos uma tribulação muito grande, mas logo depois disso vem coisas boas, porque são vários principais da natureza agindo. Nesse show, tentarei explicar em palavras como isso me ajudou até chegar aqui".
Um exemplo que ilustra bem esse conceito é a primeira vez que Whindersson participou de um programa de televisão em Teresina. Na época, ele não tinha dinheiro para comprar a passagem e sair de Bom Jesus, sua cidade natal. No entanto, um amigo da igreja lhe emprestou 50 reais, permitindo que ele viesse. Esse gesto, ainda que pequeno, foi um divisor de águas na vida do artista.
“Um irmão da igreja, até hoje me lembro, me emprestou 50 reais, e eu completei a passagem para vir. As pessoas estavam me dando 2, 5 reais. E foram esses 50 reais que possibilitaram que eu conseguisse vir. Nunca me esqueci disso. Ele poderia ter me dado outra resposta naquele momento, dizendo que não poderia me ajudar. Mas, com essa pequena ação, ele me ajudou a estar aqui hoje”, complementou.
O que esperar do show?
Durante seu último show em Teresina, em 2022, Whindersson reuniu cerca de 15 mil pessoas. A capital está repleta de fãs que admiram a jornada do artista, que saiu do interior do Piauí para brilhar no mundo inteiro. No sábado, o público, seja jovem ou adulto, pode esperar uma combinação de humor afiado, histórias pessoais e reflexões sobre a vida, tudo temperado com o carisma característico do comediante.
“Eu gosto de música, então com certeza terá música. Também gosto de trazer problemas sociais, então terá criticas, coisas que a galera vai gostar. Gosto de conversar com todos os públicos, seja criança, idosos, e acho que nesse show trago uma junção de tudo isso. Gosto de fazer coisas misturadas”, destaca o artista.
Do Piauí para o mundo
Humorista, cantor, empresário, influencer, multiartista. Whindersson Nunes é a personificação de que quando um piauiense quer e tem oportunidade, ele conquista.
“Quem é do Piauí sabe que é difícil chegar em certos lugares, a gente tem que fazer dez vezes mais trabalho do que outras pessoas para chegar em algum lugar. Eu sou um exemplo de que quando a gente quer, a gente consegue. Mas quando há oportunidades, é muito melhor”.
Além do humor, o artista é associado à empresas e envolvido em diversos projetos e causas sociais, sempre levando o nome do Piauí Brasil à fora. Um deles é o "Expande", da empresa Tron Robótica Educativa, em que Whindersson é sócio. O projeto leva tecnologia para áreas carentes, abrindo novas possibilidades para jovens que nunca tiveram contato com ferramentas como impressoras 3D.
Um exemplo de empreendimento é sua coleção de roupas chamada "ÉOHEMP", que utiliza o cânhamo, planta da espécie Cannabis sativa, como um dos principais materiais. Há um ano, Whindersson se tornou sócio da marca "É o Hype Culture" e, recentemente, lançou sua própria linha de roupas, fabricadas com tecidos de cânhamo e algodão orgânico.
“Eu gosto de trabalhar com cânhamo porque ele gasta 80% menos água para fabricação de tecidos. A intenção é que a gente faça roupas de maneiras menos destrutivas para o meio ambiente. Porque, no final das contas, quando uma coisa não é consumida, ela vai pro lixo. Os meus sócios trouxeram o cânhamo como uma opção e depois que fiquei sabendo [dos benefícios] ficou mais claro que eu queria trabalhar com isso”, explicou ao O Dia.
Humorista pretende abrir clube de humor em Teresina
Durante a entrevista, o comediante revelou que acompanha de perto os trabalhos dos humoristas locais, como Dirceu Andrade e Jackstênio. Ele expressou o desejo de criar um espaço dedicado ao humor na cidade, inspirado no modelo do Clube do Minhoca em São Paulo, do qual já faz parte.
A ideia é trazer para Teresina um ambiente que mantenha o mesmo padrão de qualidade e homenageie os pioneiros da comédia local. “Tenho pretensão de abrir uma casa de comédia aqui. Já faço parte de um clube em São Paulo, o Clube do Minhoca, e tenho vontade de trazer uma extensão para cá, mantendo o mesmo padrão. Acho que é interessante que as pessoas conheçam a turma do humor da cidade, ter a história da comédia registrada nas paredes”, completa.
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