Foi realizada na manhã desta sexta-feira (17) a exumação do corpo do músico Carlos Henrique de Araújo Costa, 24 anos, que morreu num grave acidente no dia 30 de maio de 2024 no cruzamento das avenidas Dom Severino com Presidente Kennedy. A exumação é feita a pedido da família e com autorização da Justiça. Em entrevista concedida à imprensa, o advogado da família Lucas Ribeiro disse ter "convicção de que a morte se deu por disparo de arma de fogo" e que "não tem dúvidas de que o disparo foi da Polícia Militar".
A defesa da família tem como a principal alegação uma perfuração na cabeça do músico que se assemelha a de um disparo de arma de fogo. “Essa investigação está sendo feita e aberta através de um inquérito policial militar para apurar a conduta de dois militares que estavam envolvidos naquele incidente. Houve um acidente de trânsito com disparos de armas de fogo. Então, a gente entende que há dúvidas razoáveis em relação à causa da morte. Dentro do inquérito policial militar, houve a necessidade de realização da exumação para saber a real causa da morte do músico Carlos Henrique. O Ministério Público deu parecer favorável pela exumação e a Justiça Militar determinou que fosse feita essa exumação", detalhou o advogado.
"A gente acredita, tem convicção de que a morte se deu por disparo de arma de fogo. Há uma perfuração na cabeça do músico Carlos Henrique, que muito se assemelha a de um disparo de arma de fogo. Há também testemunhas dentro da investigação que relatam que ele desceu do carro, correu, e no momento que ele estava correndo ele foi atingido por um disparo de arma de fogo e isso levou ele a óbito. Há também um relatório do SAMU entregue ele no HUT, destacando também que ele havia sido morto por disparo de arma de fogo”, complementou Lucas Ribeiro.
O advogado declarou ainda que o tiro teria partido de uma arma da PM. “Agente não tem dúvidas de que o disparo foi da Polícia Militar. Os suspeitos, o casal que estava sendo perseguido, não estavam armados. O disparo ocorreu pela Polícia Militar, pelo menos até agora os relatos que a gente tem é nesse sentido. A dúvida é: se o falecimento do músico Carlos Henrique se deu por conta de um acidente de trânsito ou por conta da batida ou se ocorreu por conta de disparo de arma de fogo", diz o advogado da família.
O pai do músico, que também se chama Carlos Henrique, esteve presente na exumação. E clamou por justiça e por transparência na investigação da morte do filho. “Nós esperamos que tudo seja esclarecido, que a gente possa ter mais paz. Que o Estado e a Polícia esclareçam tudo para nós. Porque o que a gente mais quer são as imagens, que eles não mostram para nós (...) Porque não? Para gente ver o que aconteceu. É só isso o que a gente quer: é saber o que aconteceu naquela noite”, disse o pai da vítima.
O que diz a PM
O Portal O Dia entrou em contato com a Polícia Militar do Piauí para buscar um posicionamento sobre as afirmações do advogado da família. Porém, até o momento, não obtivemos resposta. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
Relembre o caso
O acidente ocorreu durante perseguição policial na qual o carro do suspeito em fuga atingiu o carro do músico. A família até hoje tem dúvidas sobre as circunstâncias da morte de Carlos Henrique e entender se morreu pelo acidente ou se foi atingido por algum disparo de arma de fogo. Carlos Henrique de Araújo Costa, de 24 anos, acabou morrendo durante uma perseguição entre policiais militares e criminosos. O incidente ocorreu por volta das 5h no cruzamento das avenidas Presidente Kennedy com Dom Severino, zona Leste de Teresina.
Carlos Henrique era passageiro em um carro de aplicativo e estava voltando para casa após uma apresentação. Ao passarem no cruzamento dessas duas vias, o veículo de aplicativo foi atingido violentamente por outro automóvel, que era dirigido por criminosos que estavam fugindo de uma viatura do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM).
Câmeras de segurança que flagraram o acidente mostram o momento em que Carlos Henrique é arremessado do carro em que estava. Os vídeos foram divulgados pela polícia após o IML e o SAMU divergirem quanto às circunstâncias da morte do músico. O laudo da Polícia Técnica Científica apontou que não houve perfuração no corpo da vítima por arma de fogo. Carlos ficou ferido por conta da ação, chegou a ser encaminhado ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
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