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Dia dos Namorados: casais com grandes diferenças de idade falam sobre tabus e preconceitos na vida a dois

O Dia dos Namorados é uma ocasião para celebrar o amor em todas as suas formas, e isso inclui casais que desafiam as convenções sociais. Em nossa sociedade, ainda existem estigmas associados a casais com grandes diferenças de idade. O assunto pode ser visto como um tabu e muitas pessoas acabam enfrentando preconceitos, que podem variar desde olhares de desaprovação e comentários maldosos até acusações de interesse financeiro ou aproveitamento.

Reprodução/Pixabay
O amor além das diferenças de idade

De acordo com pesquisas e estatísticas, casais com diferenças de idade não são incomuns. Um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) realizado em 2020 aponta que aproximadamente 23% dos casamentos registrados no país apresentavam uma diferença de idade de cinco anos ou mais entre os cônjuges.

Apesar do tabu, muitos casais encontram conexões profundas independentemente da idade. A história da empresária Michelle Alves e do advogado e político João Henrique Sousa, é um exemplo de que o amor parece não conhecer limites temporais. Com 30 anos de diferença, o casal está junto há 17 anos e falam sobre as alegrias e desafios da vida a dois.

“Eu e João não temos o menor preconceito com questão de idade. Pelo contrário, ele tem a cabeça mais jovem do que a minha, digamos assim. E acho que por isso demos muito certo. Antigamente, no início do nosso relacionamento, nós recebíamos muitos olhares, mas com o passar dos anos, as pessoas passaram a ver que realmente existe amor, união e muita cumplicidade entre nós dois. Basta um olhar para que um entenda o outro. Com isso, os preconceitos que a gente sofria e até os julgamentos foram caindo por terra, pois as pessoas viram a nossa conexão”, diz Michelle Alves.

Reprodução/Arquivo Pessoal
Michelle Alves e o marido João Henrique

Para a empresária, a diferença de idade só existe na carteira de identidade. Na vida real, o número não importa tanto quanto o respeito e admiração. “O que eu sempre falo é que o mais importante do relacionamento, aquilo que o faz perdurar, é a admiração e o amor que temos um pelo outro. Eu tenho uma grande admiração pelo meu marido e tenho certeza que ele tem por mim. E isso cresce a cada dia mais. Foi um encontro, eu achei a minha alma gêmea e ele encontrou a parte dele que faltava”, acrescenta.

No auge dos anos 2000, a assessora parlamentar Orlandeia Cruz, 46 anos, e o servidor público Evaldo Ciríaco, de 68 anos, também precisaram vencer tabus para estarem juntos. O casal, que hoje tem uma filha de 22 anos, contam que sofreram diversos percalços para estarem juntos.

“Somos muito felizes por ter nossa filha que veio logo após nos conhecermos. Desde o primeiro momento, nós sofremos alguns preconceitos por conta da diferença de idade. Minha mãe chegou a me perguntar se eu estava louca e porque eu estava fazendo isso [me envolvendo com alguém mais velho]”, ressalta a assessora.

Reprodução/Arquivo Pessoal
Orlandeia Cruz e o marido Evaldo Ciríaco

Logo após se conhecerem, o casal se casou e passou a morar junto. Hoje, mais de 20 anos depois, os dois ainda enfrentam certos tipos de comentários sobre o relacionamento. “Até hoje as pessoas acham que ele é meu pai e sempre tenho que informar que não, que ele é meu esposo. Acontece muito isso das pessoas se perguntarem porque uma mulher nova está com alguém mais velho. O povo se pergunta “o que ela viu nele”? E dizem que pareço ser filha dele”, relata Orlandeia Cruz.

Apesar desses obstáculos, esses casais demonstram resiliência e compromisso um com o outro. Eles veem além dos estereótipos e desafiam as normas sociais, construindo relacionamentos baseados em amor, respeito e cumplicidade.

Respeitando as diferenças

A diferença de idade em relacionamentos apresenta diversos desafios, mas também oportunidades de aprendizado e crescimento. É fundamental entender que cada um traz consigo seus contextos pessoais, experiências vividas e valores. Orlandeia Cruz, por exemplo, lembra que foi preciso se adaptar à forma como seu marido via a vida quando eles se casaram.

“Por ele ser mais velho, ele tinha uma ideia diferente sobre relacionamento. Quando passamos a morar juntos, ele queria que eu botasse a sua comida e ficasse junto com ele na mesa. Eu não gostava de coisas do tipo, sempre fui uma mulher independente e a gente foi aprendendo um com o outro", lembra a assessora parlamentar.

Cada casal é único, e as dinâmicas que surgem nas relações podem variar. Portanto, é fundamental reconhecer a importância de adaptar abordagens e estratégias de acordo com as necessidades específicas de cada relacionamento. O diálogo constante, a empatia e a disposição para compreender o ponto de vista do parceiro são ingredientes essenciais para uma convivência bem-sucedida.

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