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Com 112 testemunhas, Justiça começa julgamento de Tatiana Medeiros nesta segunda (24)

A audiência de instrução e julgamento da vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB), e de outros oito réus inicia nesta segunda-feira (24) e segue até a sexta-feira (28) no Fórum Eleitoral. A parlamentar foi presa na Operação Escudo Eleitoral, que desbaratou um esquema de fraude eleitoral com a participação de membros de uma facção criminosa e responde por organização criminosa, corrupção eleitoral e outros crimes. Ao todo, 112 pessoas serão ouvidas durante o julgamento entre testemunhas de defesa e acusação, além de interrogatório dos denunciados.

Arquivo / O DIA
Tatiana Medeiros foi presa em 3 de abril deste ano.

No julgamento, a juíza responsável pelo caso será Júnia Maria Feitosa, do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), que adotou medidas para reforçar protocolos que serão necessários para ouvir o grande volume de envolvidos, devido às características do processo, que é de grande repercussão no estado. Não há previsão de horário para o término dos trabalhos, devido à complexidade das oitivas, durante os cinco dias em que ocorrerá o julgamento.

A vereadora Tatiana Medeiros, presa desde o dia 3 de abril de 2025, de acordo com a denúncia protocolada pelo Ministério Público do Piauí, fazia parte de um esquema de compra de votos que era operado por seu padrasto e mais uma assessora, e contava com o apoio financeiro de seu namorado, Alandilson Passos, integrante de uma facção criminosa. Ele teria doado para a sua campanha eleitoral em 2024 cerca de R$ 1 milhão; o dinheiro seria oriundo de atividades ilícitas. Já Stênio Ferreira, padrasto da parlamentar, seria quem movimentava as cifras milionárias em suas contas bancárias dentro do esquema.

O Ministério Público também apontou que o Instituto Vamos Juntos, uma ONG criada e coordenada por Tatiana Medeiros, seria utilizada para lavar dinheiro e realizar compra de votos. Com a operação da Polícia Federal que descobriu o esquema, a parlamentar foi presa, sendo afastada das atividades da Câmara Municipal de Teresina (CMT), mas permanece recebendo os salários, já que seu mandato não foi cassado. Em seu lugar, assumiu o seu suplente, também do PSB, Leôndidas Júnior, que ocupou a vaga após 60 dias do afastamento.

Reprodução / Redes Sociais
Policia Federal na sede da Instituição Vamos Juntos, em Teresina

Tatiana Medeiros permaneceu presa no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar até o dia 3 de junho, quando a Justiça concedeu a cautelar de prisão domiciliar por motivos de saúde. A parlamentar foi encontrada desmaiada em sua cela após tomar diversos medicamentos; ela foi encaminhada para o Hospital da Polícia Militar, que fica ao lado do local onde estava presa.

A parlamentar foi internada após, em uma vistoria, ser encontrado um celular em sua cela, com os quais Tatiana Medeiros fez chamadas de vídeo com o seu namorado, Alandilson Cardoso, que também estava preso, mas em Minas Gerais. Prints divulgados pela Polícia Federal indicaram pelo menos três ligações entre os dois. Dias depois, a mãe de Tatiana, Maria Odélia de Aguiar Medeiros, admitiu que teria entregue um iPhone à filha na sala de Estado-Maior no Quartel do Comando-Geral (QG), mas que, segundo ela, seria para que a filha pudesse ouvir orações.

Divulgação/Polícia Federal
PF investiga ligações telefônicas entre Tatiana Medeiros e namorado, ambos presos.

Tatiana Medeiros permaneceu presa até 10 de outubro, quando o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) decidiu por sua soltura após anular um relatório financeiro que era utilizado como prova contra ela. A decisão apontou que o documento financeiro usado como prova teria sido obtido sem autorização judicial. No entanto, juristas apontavam que o uso do relatório como prova era alvo de divergência entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Com a decisão, Tatiana Medeiros retornaria à Câmara Municipal de Teresina (CMT), fazendo com que Leôndidas Júnior deixasse a Casa para ceder espaço à titular da cadeira. Mas o pleito do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI) cassou a liminar e determinou que Tatiana continuasse em prisão domiciliar e afastada das funções de vereadora, podendo recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com isso, o julgamento de Tatiana Medeiros ficou marcado para os dias 24, 25, 26, 27 e 28 de novembro, sendo o primeiro caso de julgamento no estado que envolve a participação de uma parlamentar em um processo relacionado a facções criminosas.


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