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Caso Alice: Polícia deve pedir adiamento da conclusão do inquérito sobre morte em escola

Nesta sexta-feira (5), encerra-se o prazo legal para a conclusão do inquérito que investiga a morte da criança Alice Brasil Souza da Paz, de 4 anos, que morreu dentro de uma escola particular da zona leste de Teresina após uma penteadeira cair sobre ela em uma brinquedoteca da unidade de ensino. O caso completa um mês. Porém, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que investiga o caso, deve solicitar o adiamento da conclusão do inquérito. A DPCA aguarda o resultado de dois exames periciais, necessários para se concluir as investigações.

Reprodução
Polícia pede adiamento da conclusão do inquérito sobre morte de Alice Brasil em escola particular.

O Portal O Dia tentou contato com a DPCA para buscar informações sobre quais laudos estão sendo aguardados. Porém, até o momento não obtivemos respostas. De acordo com a legislação brasileira, a polícia pode solicitar à Justiça a prorrogação do prazo de conclusão do inquérito, equivalente ao período anterior de investigação — neste caso, de 30 dias. Feito o pedido, até esta sexta a Justiça deve confirmar ou não a autorização para a extensão das investigações.

Cláudio Sousa, pai de Alice Brasil, afirma que tenta ser positivo com a possibilidade de adiamento da conclusão do inquérito. “O lado positivo que tento enxergar é que eles estão apurando ainda mais e, talvez por isso, não deram por encerrada a investigação. A sociedade está cobrando. Não é mais somente um caso da família Sousa e pais, é um caso que está no Brasil, então esperamos que seja feito um trabalho minucioso, para que sejam apuradas irregularidades, caso ocorram, para que sejam expostas e os culpados sejam penalizados”, enfatiza.

Um mês após a morte, o caso ainda segue repercutindo e o que aconteceu dentro da escola ainda gera dúvidas se foi um acidente ou negligência da escola. Alice brincava com colegas na brinquedoteca do colégio, enquanto aguardava o início das atividades da tarde. Durante a brincadeira, uma outra criança entrou debaixo de um móvel que estava afastado da parede e, ao se levantar, provocou o tombamento de uma penteadeira infantil que atingiu Alice, causando ferimentos que levaram a vítima a óbito.

Jailson Soares/O Dia
Claudio Sousa e Dayana Brasil, pais de Alice Brasil, contestam versão do colégio.

De imediato, segundo a nota da escola, uma das professoras retirou o móvel, enquanto outra a levou rapidamente para a enfermaria da escola. A enfermeira então iniciou os primeiros atendimentos e, ao constatar a gravidade da situação, acionou o SAMU. Seguindo a orientação da central de regulação do SAMU, a equipe escolar afirma que iniciou o deslocamento com Alice rumo ao posto de atendimento mais próximo, na região do bairro Satélite, indicado pelo SAMU.

Antes de chegarem ao posto de atendimento, foi orientado pelo SAMU, que estava realizando o atendimento por ligação telefônica, que a equipe do colégio parasse junto a uma ambulância, que os encontrou no caminho. O colégio afirmou que as tentativas de salvarem Alice duraram mais de quarenta minutos, quando os profissionais do SAMU informaram aos pais que a menina não havia resistido, vindo à óbito.

Audiência discute segurança nas escolas

Hoje, a Câmara Municipal de Teresina realizou uma Audiência Pública para discutir medidas de segurança nas escolas do município. Os pais de Alice, Cláudio Sousa e Dayana Brasil, marcaram presença e levaram seu apelo por justiça e pela criação de medidas que impeçam que outras famílias passem pela mesma dor.

O debate foi convocado pelo presidente da Casa, vereador Enzo Samuel, atendendo à solicitação do proponente, vereador Petrus Evelyn, e foi realizado no Plenário Vereador José Ommati. O momento reuniu autoridades, representantes de instituições de ensino, pais, sociedade civil e especialistas, com o objetivo de debater responsabilidades e construir soluções que impeçam que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento.

Para Cláudio Sousa, a audiência é uma oportunidade de dar mais publicidade ao caso, cobrar soluções e justiça. “Acima de tudo, transformar essa dor em algo que vale a pena lutar, evitar que novas Alices Brasil sejam vitimadas e destruam outras famílias. Tenho absoluta certeza que a verdade apareceu, agora só restam os órgãos competentes fazerem o seu trabalho”, comenta.

O vereador Petrus Evelyn, do Progressistas, aproveitou a audiência para apresentar um breve levantamento de como estão as escolas públicas de Teresina. Segundo ele, mais de 300 escolas não possuem a própria autorização do Conselho Municipal de Educação. Além disso, muitas não apresentam um ambiente seguro para crianças, com ferrugem, eletricidade exposta, falta de extintores de incêndio ou extintores vencidos, entre outros. 

“São ambientes perigosos e com risco de acidentes graves ou até morte. A situação é péssima em relação às escolas públicas municipais, é uma situação dramática, ainda pior que nas situações das escolas particulares, que já não são boas. Ainda não fui nas escolas particulares, mas já fui em algumas públicas e o ambiente é péssimo. Esperamos que não só o caso da Alice seja esclarecido, mas que a gente mude nossa cultura em relação à segurança nas escolas, alterando a forma como cuidamos das crianças nas escolas e evitando que novos casos aconteçam”, complementou Petrus.

Missa em homenagem a Alice Brasil

Além da audiência, será realizada uma missa de um mês do falecimento de Alice Brasil, que será celebrada nesta sexta-feira (5) às 19h na Igreja de Santa Teresinha, no 25º Batalhão de Caçadores (25BC).

-05/09/2025 (sexta-feira)

-Horário: 19h

-Igreja de Santa Teresinha – 25º Batalhão de Caçadores (25BC), Teresina-PI.


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