A advogada Aryelly Pacífico, representante da família de Alice Brasil Sousa da Paz, de 4 anos, criticou a conclusão do inquérito policial que investigou a morte da criança no colégio CEV, em Teresina. O delegado Hugo Alcântara, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), encerrou as investigações apontando que o caso foi acidental e sem indícios de crime, recomendando o arquivamento do inquérito.
Alice morreu no dia 5 de agosto, após ser atingida por uma penteadeira que tombou dentro da brinquedoteca da escola, localizada na Avenida Presidente Kennedy. A menina chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
A advogada Aryelly Pacífico ressaltou que o inquérito, que tramitou por pouco mais de dois meses, comprovou que apenas uma cuidadora fiscalizava cinco crianças no momento do acidente, enquanto a professora responsável estava em outra sala com alunos que costumavam dormir naquele horário. “Esse foi um dos primeiros pontos confirmados pelas provas e testemunhas”, afirmou.
Segundo Aryelly, a perícia de local e de imagens confirmou que o móvel que atingiu Alice não estava fixado e que o ambiente foi considerado inidôneo e não preservado, pois houve limpeza e reorganização dos objetos antes da chegada dos peritos. “O móvel foi levado ao Instituto de Criminalística e submetido a vários testes, que mostraram que ele pesava 32,6 kg e media 1,20m. De acordo com a norma NM 300-1, esse tipo de mobília deveria ser fixada. A própria perícia aponta essa violação, o que demonstra negligência estrutural, omissão e falha na vigilância”, disse a advogada.
Ela também explicou que o posicionamento da penteadeira, encostada em outro brinquedo, criou um espaço estreito que funcionava como alavanca de tombamento, o que permitiu que o móvel caísse com um leve toque. “Tudo isso está nos autos. As imagens são inquestionáveis”, completou.
Mesmo diante das evidências, a Polícia Civil classificou o caso como atípico, entendendo que não houve dolo nem culpa. Aryelly Pacífico discordou da conclusão e afirmou que o arquivamento representa uma negação da responsabilidade dos envolvidos.
“Entender que esse caso é atípico é negar à família de Alice Brasil o direito à Justiça. É mais grave que isso, é negar que houve falhas que poderiam ter sido evitadas”, declarou.
A advogada destacou ainda que a família confia na análise do Ministério Público, que agora deve se manifestar sobre o relatório final. “Acreditamos que o MP vai avaliar o caso com um olhar técnico e jurídico”, disse.
Encerrando sua fala, Aryelly Pacífico lembrou o sofrimento da família e o dever de buscar respostas. “Alice, naquele dia, não podia pedir socorro. Ela não podia se defender e agora, ela não pode mais falar. Mas nós podemos sim falar por ela".
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