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Ser tão sol: energia solar transforma vida de agricultores familiares no Piauí

O Piauí é tem duas grandes riquezas: a luz solar e a água. Juntas, possuem o poder de impactar vidas, especialmente na agricultura, uma das principais atividades econômicas do estado. Para transformar a realidade de tantas famílias que vivem na zona rural, surge o Projeto ‘Ser tão sol’, que leva água e energia solar a comunidades rurais piauienses. Para se cadastrar, basta clicar aqui.

Albemerc Moura, líder do Projeto ‘Ser tão sol, energia transformando vidas na agricultura familiar’, explica que a ação visa democratizar o uso da energia solar, com foco no bombeamento de água para agricultores familiares de baixa renda. Atualmente, há 23 sistemas de bombeamento de água em funcionamento, contemplando mais de 100 famílias, e a proposta é expandir e chegar cada vez mais longe. Para isso, o coordenador explica que o projeto está aberto para que empresas privadas adotem comunidades rurais e ajudem na instalação do sistema de energia solar.

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Ser tão sol: energia solar transforma vida de agricultores familiares no Piauí

Para que uma comunidade participe do projeto é preciso atender a um determinado perfil, como ser baixa renda; possuir poço com gerador à diesel, para que seja feita a transição, ou cacimbão, cuja água é tirada à mão; além de comunidades que não tenham energia elétrica ou que o poço não tenha equipamento ou seja afastado da rede elétrica. Além disso, a instalação da energia solar também pode ajudar a reduzir a conta de luz, trazendo outros benefícios como redução de custos e maior produção.

Assis Fernandes/O Dia
Professor Albemerc Moura, líder do projeto Ser tão Sol

“Dentro do Ser tão sol, já conseguimos que uma comunidade fosse adotada por um empresário em José de Freitas, o que mudou a vida daquelas famílias. Muitos agricultores só produziam em época de chuva, mas, com a implantação do projeto, a comunidade virou um oásis em meio ao sertão e, hoje, conseguem produzir através da luz do sol. Decidimos chamar a iniciativa privada para adotar comunidades como essa. Se a gente fizer uma corrente, podemos ajudar centenas de comunidades e milhares de pessoas. E foi nesse sentido que surgiu o projeto Ser tão sol, inspirado em uma música do Roberto Malvezzi, que fala da vontade e necessidade de juntar forças para levar energia solar para quem precisa”, comenta o professor Albemerc Moura.

Para que as adoções aconteçam, está sendo feito o cadastro das comunidades. Dezenas de comunidades já foram cadastradas e, em breve, o perfil delas será disponibilizado em uma plataforma, onde as empresas privadas poderão conhecer um pouco da comunidade e adotar alguma delas.

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Ser tão sol: energia solar transforma vida de agricultores familiares no Piauí

“Se tudo der certo, queremos levar o projeto para todo o Brasil, solarizar, e o foco é a agricultura familiar, que é quem precisa, pois o custo de aquisição de um sistema de energia solar é relativamente caro para o agricultor. Mas temos sistemas de bombeamento de água de valor menor, a partir de R$ 3 mil, que podem bombear água para uma família menor e, como o consumo de uma associação ou cooperativa não é tão alto, dá para conectar à rede e reduzir a conta de energia elétrica”, cita o professor Albemerc Moura.

O projeto de pesquisa e extensão é uma ação da Liga Acadêmica de Engenharia Solar da Universidade Federal do Piauí (UFPI), e é realizado por mais de 30 alunos dos cursos de Engenharia Elétrica e Energias Renováveis, além de contar com parceria do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e de entidades locais, como as secretarias de agricultura e do Emater.

A iniciativa do projeto surgiu ainda em 2011, durante a pesquisa de doutorado do professor Albermerc Moura, que visava o bombeamento de água. Nessa perspectiva, foi escolhida uma comunidade em Oeiras, onde foi implantado o primeiro sistema de bombeamento no Piauí com sistema conversor de frequência, chamado de ‘Sol e água no Sertão’.

Posteriormente, o projeto foi apresentado à Regina Sousa, na época senadora, que disponibilizou emenda parlamentar para implantação do projeto ‘Canindé Solar’, no território do Vale do Canindé. Na região, foram implantados 10 sistemas de bombeamento de água. O projeto ganhou um prêmio das Nações Unidas, possibilitando a implantação de mais 11 sistemas. Em 2023, após concorrerem a um edital da Fapepi, foi implantado mais um sistema, totalizando, ao todo, 23 sistemas de bombeamento de água já implantados.

Sistema de bombeamento de água muda a vida de comunidade em José de Freitas

A vida dos agricultores familiares da Localidade Barbosa, a 18 km de José de Freitas, mudou significativamente após a implantação do projeto. Há quatro anos, quatro famílias da comunidade, que à época não contava com energia elétrica, foram beneficiadas com a instalação de placas solares e, consequentemente, de um sistema de bombeamento de água. A própria comunidade cavou um poço para a instalação do sistema solar.

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Ser tão sol: energia solar transforma vida de agricultores familiares no Piauí

“Na localidade há várias nascentes, mas, para chegar com essa água até as residências é muito difícil, devido às irregularidades do solo. Além disso, a água que era usada para preparar os alimentos também era consumida por animais. Com a instalação do sistema melhorou muito, principalmente na questão da saúde e do consumo, pois agora a comunidade consome a água do poço e não divide mais com os animais, porque, embora a água fosse diretamente da nascente, tinha a presença dos animais no local”, conta o professor da rede municipal Francisco Soares, explicando como o sistema tem beneficiado a localidade onde seus pais residem.

Após a instalação do sistema, a água foi distribuída para as quatro residências que integram a comunidade e, com água o ano inteiro, a produtividade também aumentou, trazendo mais renda às famílias. “Agora não precisamos mais ficar pegando água nas nascentes. O sistema é muito bom e trouxe muitos benefícios para a comunidade, pois deu para expandir, já que o foco da comunidade é a agricultura familiar, com plantação de milho, e também para a expansão de criação dos animais, como caprinos e ovinos. Temos muito o que agradecer a todos que fazem parte do projeto, tanto da UFPI quanto do IFPI”, complementou Francisco Soares.


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