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Quase três pessoas caem em golpes virtuais por dia no Piauí

Roubos cometidos ao alcance de um clique. É essa modalidade de crimes que mais tem crescido no Piauí ao longo do último ano, segundo revelou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Observatório Nacional da Segurança de Pública. A publicação traz dados referentes a 2024 e comparativos com 2023 sobre uma série de violências que acometem a sociedade, mas uma delas chamou atenção pelo aumento vertiginoso: os crimes de estelionatos virtuais.

Reprodução/Freepik
Quase três pessoas caem em golpes virtuais por dia no Piauí

No Piauí, quase três pessoas caem em algum golpe virtual por dia. Só em 2024, foram registradas 888 ocorrências de estelionatos cometidos por via eletrônica (internet, celular, computadores). A média é de mais de dois a cada 24 horas. Em relação a 2023, quando o Estado registrou 595 casos, o aumento foi de 48,8% no intervalo de apenas um ano. Os números acendem um alerta para o que especialistas chamam de “migração de modalidade”.

Especialista em Segurança Pública, Marcos Avelino lembra que, do mesmo jeito que a tecnologia impõe barreiras ao cometimento de determinados crimes, ela cria espaços para o cometimento de outros.

Há sempre transferências de ação. Aquele indivíduo que rouba vai sempre buscar uma alternativa. Isso envolve duas coisas: o retorno ao crime doméstico (roubos, furtos, invasão de imóveis) quando a tecnologia impõe barreiras, mas também a migração do doméstico para o digital, quando a tecnologia dá brechas.

Marcos AvelinoEspecialista em Segurança Pública

Mas não é apenas a tecnologia que permite que criminosos ajam por trás de telas e links falsos. Os crimes virtuais possuem uma diferença em relação aos demais ilícitos justamente porque dependem boa parte da vítima para que aconteçam. Criminosos usam de trejeitos tecnológicos para induzir usuários ao erro. Mas o usuário também tem uma parcela de participação quando deixa de checar as informações básicas daquilo que está fazendo.

Às vezes, as medidas de segurança que podem ser tomadas são tão óbvias, que ficam deixadas de lado. É nessa obviedade que muitas vezes mora o perigo. O professor e analista de segurança cibernética, Keoma Sousa, explica que a falta de conhecimento é o principal ingrediente da receita que os estelionatários virtuais costumam seguir. Eles se aproveitam da ingenuidade de quem usa as redes.

Reprodução/O Dia TV
Keoma Sousa, especialista em segurança cibernética

“Há uma falta de conhecimento generalizada sobre a cibersegurança. Não é um tema tão falado e conhecido. Por exemplo, quando a gente vai fazer uma compra num site, a vontade de comprar é tanta para não perder uma promoção ou um desconto, que a segurança é ignorada. As pessoas querem tanto aquilo que clicam, que dão seus dados e, aí, se tornam vítimas fáceis. Primeira dica: quando é esmola é grande, o santo desconfia. Não existe almoço grátis. Se tem uma situação fácil demais sendo anunciada nas redes, tome cuidado”, alerta Keoma.

Ele comenta que as empresas de tecnologia se aprimoram cada vez mais para criar um ambiente de navegação seguro para seus clientes, seja nas redes sociais, seja em sites de compras. Por exemplo, o duplo fator de autenticação (autenticação ponto a ponto), funciona justamente para o caso de a pessoa compartilhar a própria senha sem querer. É uma blindagem a mais. Mas até esta blindagem pode ser burlada quando o usuário/vítima é levado ao erro pelos criminosos.

“A autenticação de duplo fator salva, porque se alguém conseguir sua senha, tem outro método de envio de código por Whatsapp, SMS ou e-mail. Só que, mesmo assim, ainda tem gente que fornece esse código, que compartilha sem nem se dar conta, induzido pelos criminosos. Aí não adianta. Mesmo que a plataforma dê segurança, se você não sabe usá-la, não adianta nada”, pontua Keoma.

O especialista em segurança cibernética lembra que o principal meio de atuação dos estelionatários virtuais é a criação de narrativas. Sites falsos, vendas de produtos inexistentes, links maliciosos feitos para coletar e sequestrar dados e até mesmo o uso de material de foro íntimo para o cometimento de chantagens. A rede social ainda é o principal meio para o cometimento do estelionato virtual.

Keoma dá algumas dicas para que as pessoas se atentem para a segurança da webnavegação e evitem cair no que chamou de “engenharias sociais e virtuais muito bem arquitetadas.

Cuidado com aquilo que você clica. Confira se é de verdade, se aquele site é real, se está conversando realmente com a pessoa certa. Pesquise a procedência de páginas, links, jogue no buscador, verifique a autenticidade. Se tiver dúvidas, hesite e não vá em frente. Desconfie sempre que lhe ofertarem produtos com preço muito abaixo do mercado, desconfie dos sorteios online que aparecem do nada e procure reforçar a segurança do seu aparelho.

Keoma SousaEspecialista em Segurança Cibernética

A dica é sempre manter o sistema do celular ou computador atualizado e os antivírus ativos, porque com os softwares tendo barreiras, elas podem indicar quando alguma interação é maliciosa.


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