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Piauiense que perdeu pé após erro médico supera limitações e vai disputar Paralimpíadas na Esgrima

Faltam menos de dois meses para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. E aos poucos, os paratletas vão sendo confirmados no evento olímpico que é sinônimo de competitividade e também de superação. E por falar em superação, veremos nas Paralimpíadas muitas histórias assim: de pessoas que enfrentaram doenças, ou perderam membros do corpo por outros motivos e também quem possui deficiências intelectuais.

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Rayssa Veras, atleta da Esgrima.

Uma dessas histórias é de uma paratleta nascida no Piauí. A teresinense Rayssa Veras, que treina no CAP – Club Athletico Paulistano, conquistou índice vai para Paris, disputar medalha na Esgrima. O início dela neste esporte tem muito a ver com a deficiência física dela. Ela nasceu com o pé torto congênito (PTC), uma alteração nos ligamentos, músculos, tendões e ossos do pé do bebê, que acontece ainda na gestação, fazendo com que o bebê nasça com uma deformidade em um ou nos dois pés.

Não se sabe as causas do problema, mas é uma das alterações mais comuns, afetando 1 a cada 1000 bebês nascidos no mundo. A mãe e a Rayssa deixaram Teresina e foram para São Paulo, em busca de tratamento. “Minha mãe queria procurar algum centro de referência para resolver o meu pé torto congênito. Eu nasci com esse problema congênito. E não tinha um hospital de referência em Teresina na época para poder resolver esse problema. Vim para São Paulo para ver se eu conseguia resolver isso”, conta.

Só que na cirurgia para a correção do pé torto, algo que mudaria por completo sua vida aconteceu. “O médico cometeu um erro, e aí um outro médico conseguiu salvar minha perna, mas eu acabei perdendo o pé. Então, a partir dos cinco, seis anos de idade eu comecei a usar prótese”.

“Ele foi tentar corrigir o pé todo congênito esquerdo e o meu pé começou a necrosar. O sangue não estava voltando mais para circulação sistêmica. Eles queriam desarticular meu joelho, só que aí um outro médico de São Paulo ficou sabendo da minha história foi até Campinas (onde morava na época), conseguiu me levar para São Paulo, salvou a minha perna e fez a minha cirurgia. Eu só perdi o pé no final das contas”.

Reprodução / Redes Sociais
Rayssa Veras, atleta paralímpica

O fato de todo o tratamento ter sido realizado em São Paulo fez a atleta viver por lá, que é um dos principais centros de descoberta, formação e treinamento de atletas de Esgrima (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul são as potências nacionais neste esporte). Ao contrário de lá, o Piauí não possui espaços para a prática desta modalidade. A ida em busca de tratamento médico acabou se tornando, meio que por acaso, uma oportunidade de desenvolvimento pessoal, profissional e esportivo.

“(Se eu não tivesse ido para São Paulo) eu não teria conhecido o esporte dessa forma. Eu não sei nem se eu teria entrado no esporte. Provavelmente eu iria tentar cursar Medicina, que era o que eu queria na infância. Mas depois que eu vim para cá, eu recebi o convite de um professor para entrar na Esgrima, ainda na faculdade. Não tinha nenhum contato com a modalidade”, lembra a esgrimista.

De “nenhum contato” para esgrimista de alto nível e atleta paralímpica, Rayssa teve que se dedicar muito aos treinos e em competições nacionais e internacionais. Mas mesmo com tanto esforço e dedicação, a convocação para os Jogos de 2024 foi uma surpresa para esgrimista. Segundo ela, “a ficha ainda não caiu”. “Foi um pouco inesperado, não era algo que eu pensasse a longo prazo. Eu sempre penso no momento que estou, no agora, na ação que eu preciso fazer no jogo. Eu sabia que era uma possibilidade, mas eu não estava pensando exatamente nisso: preciso me classificar para os jogos! Não! Eu sabia das contas, matematicamente falando, de que estava cada vez mais próximo (da classificação para as Paralimpíadas) mas foi um alívio”, comemora.

“Foi um alívio e uma felicidade muito grande. Eu comemorei bastante com meu colega de clube inclusive já que ele estava principalmente era a última chance dele então eu estava muito animada por ele e também por mim porque a gente vai conseguir vivenciar isso juntos”. Agora, além do alívio e da felicidade, a ansiedade vai tomando conta da piauiense, com a proximidade dos Jogos. As Paralimpíadas de Paris começam no dia 28 de agosto e vão até 8 de setembro. Mais do que uma conquista pessoal, a ida de Rayssa Veras para os Jogos Paralímpicos de Paris é uma oportunidade que ela vê de divulgar e ampliar a prática da Esgrima nos diversos públicos, sobretudo para quem possui alguma deficiência.

O meu objetivo maior vai além de mim: é levar para todos os cantos essa modalidade e popularizar a Esgrima. É um esporte de nicho e eu gostaria que não fosse mais

Rayssa VerasParatleta - Esgrima

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