Os acidentes de trabalho representam um dos mais sérios problemas de saúde pública no Brasil, com impacto social, econômico e na saúde. São situações que geram custos sociais e produtivos, o que revela a necessidade de políticas eficazes de prevenção e monitoramento. No Piauí, foram notificados só no ano de 2024 um total de 3.387 acidentes de trabalho. Uma média aproximada de nove acidentes por dia.
O dado foi revelado pela Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) nesta terça-feira (18) no relatório da Diretoria de Vigilância Sanitária do Estado e do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador. O boletim tem como objetivo identificas as principais características dos acidentes de trabalho no Piauí para subsidiar a tomada de decisões e implementação de políticas públicas.
Os números foram obtidos junto ao Sistema de Informação de Agravos e Notificações (SINAM), e no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Foi verificado que dentre estes mais de 3 mil acidentes de trabalho notificados no Piauí, a grande maioria (88,6%) tem como vítimas pessoas do gênero masculino. O padrão segue o que se foi observado em outros tipos de acidente, como os de trânsito, por exemplo.
Entre os municípios que mais registraram acidentes de trabalho no Piauí em 2024 estão Floriano (373), Parnaíba (359), Picos (1.091) e Teresina. A capital, sozinha, notificou no ano passado 1.077 acidentes de trabalho. Teresina puxou para cima as notificações de acidentes de trabalho no Estado, no entanto a Sesapi identificou que ainda há subnotificação, sobretudo na região de saúde Entre Rios.
O território Entre Rios, composto por 31 municípios, apresentou significativa subnotificação de acidentes de trabalho em 2024. Conforme os dados do relatório, apenas 29,03% dos municípios (nove de 31) realizaram notificações enquanto 70,97% (22 dos 31) não registraram nenhum caso. O resultado, segundo a Sesapi, indica possíveis lacunas no sistema de vigilância na maior parte do território.
Com relação às regiões de Saúde, a região da Planície Litorânea é a que mais registra acidentes de trabalho, com um total de oito municípios com notificações.
Quanto aos critérios de raça e cor, os trabalhadores que mais sofreram acidentes de trabalho são pardos (74%) seguidos dos pretos (7,6%). Juntos, eles somam 81,9% das notificações em 2024. A grande maioria das vítimas é formada por homens (3001 notificações no Piauí em 2024, um total de 88%), depois aparecem as mulheres (386 no total, 11%).
Quanto ao grau de escolaridade, em pelo menos 589 casos o trabalhador tinha ensino fundamental incompleto, 335 tinham ensino fundamental completo, 571 tinham ensino médio completo, 210 tinham ensino médio incompleto e 138 tinham educação superior. A grande maioria dos registros (1.436) não informava a escolaridade do trabalhador. O que chama a atenção é que a maior parte dos trabalhadores acidentados eram autônomos (1.159 casos). Em seguida aparecem os empregados registrados (747). As menores notificações, apenas duas, tinham como vítimas do acidente de trabalho o empregador.
Os que mais sofreram acidentes de trabalho foram os pedreiros, que aparecem em 492 casos como vítimas. Logo em seguida vêm os trabalhadores agropecuários em geral (466 registros), motociclistas no transporte de documentos e pequenos volumes (234) e mecânicos de manutenção de automóveis (234). Aparecem ainda na lista de trabalhadores acidentados no Piauí empregados domésticos nos serviços gerais, soldados, eletricista de instalações, técnico de Enfermagem e carpinteiro.
“Esse Boletim irá subsidiar informações imprescindíveis para que possamos atingir as metas estabelecidas pelo Plano Plurianual (PPA) do Governo do Estado e pelo Projeto de Desenvolvimento Humano (PDH) no Piauí, tendo em vista o número de notificações o número de notificações, é essencial para que a gente consiga construir e reduzir o número de subnotificações. As referências técnicas definidas pelas secretarias municipais de saúde têm potencializado as equipes para que se engajem nessas notificações nos municípios”, destacou Tatiana Chaves, diretora de Vigilância Sanitária da Sesapi.
O estudo será usado para contribuir com o direcionamento de ações preventivas para reduzir a incidência e promover ambientes ocupacionais mais seguros.
LEIA TAMBÉM
Você quer estar por dentro de todas as novidades do Piauí, do Brasil e do mundo? Siga o Instagram do Sistema O Dia e entre no nosso canal do WhatsApp se mantenha atualizado com as últimas notícias. Siga, curta e acompanhe o líder de credibilidade também na internet.