Dados divulgados nesta quarta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, no Piauí, cerca de 62 mil pessoas realizam teletrabalho, o que equivale a 5% da população ocupada do estado. Esta modalidade engloba aqueles funcionários que realizam suas atividades fora do local padrão de trabalho, através de dispositivos eletrônicos, como computador, tablete ou telefone. Apesar de ser o sonho de grande parte dos trabalhadores, o que muitos não sabem é que trabalhar de home office possui as suas vantagens e desvantagens.

O engenheiro de dados e professor de SQL, Luan Pallin, mora em Teresina e trabalha de home office há quatro anos. Segundo ele, para a sua área de atuação, a modalidade é trabalho é "perfeita", pois permite maior flexibilidade dos horários de trabalho e mais produtividade. “Tem muitas vantagens, como: mais tempo com a família e não tem dress code [código de vestimenta]. A liberdade que você tem é perfeita”, explicou.

A tecnologia de informação é uma das áreas que mais se adaptaram à modalidade de teletrabalho. Recentemente, um relatório anual da revista The Future of Jobs, apontou essa como uma das “profissões do futuro”. Ao O Dia, Luan Pallin explicou quais funções desenvolve no dia a dia e como se especializar na área foi essencial para conseguir realizar o desejo de trabalhar em casa.

“Meu cargo é Data Analyst e meu trabalho basicamente é executar o processo de ETL, organizar/criar os datasets, bancos de dados, e fluxo de dados (pipeline) do meu setor, fornecendo assim as tabelas de dados para os analistas gerarem insights para o setor de planejamento”, disse.

Apesar das vantagens existentes, Palin argumentou que a modalidade do teletrabalho apresenta desvantagens, mesmo que, segundo ele, sejam pontuais.

Praticamente não existem desvantagens em relação ao trabalho remoto. O que ninguém conta é que o ciclo de produtividade aumenta tanto que você corre um sério risco de ter Burnout se não tomar cuidado. A flexibilidade de horário te permite trabalhar na hora que quiser e quanto quiser, ou seja, sempre você está trabalhando e nem percebe

A operadora de telemarketing, Maira Cristine, trabalha de forma remota há 1 ano e 9 meses em Teresina. Ela disse ao O Dia que, apesar de cumprir carga horária fixa de segunda a sexta, o formato remoto é uma maneira de trabalhar e continuar no conforto de casa.

“Eu entro às 8h e saio às 16h12. Efetuo na jornada de trabalho pesquisa de qualidade sobre a entrega de caminhões para que tudo seja monitorado e esteja sendo feito da forma correta, mantendo um padrão de qualidade. Tem muitas vantagens, como estar no conforto de casa e não precisar se locomover para a empresa”, pontua a profissional.

Ela comentou que uma das principais dificuldades do labor diário são problemas que dificultam o pleno exercício da profissão. “Desvantagens em casos quando ocorre a queda de energia ou queda de internet, pois isso ocasiona demora para realizar as demandas do dia a dia”, citou.

“Precariedade” do trabalho remoto no Piauí

Apesar de trabalharem em áreas diferentes, tanto Luan quanto Maira prestam serviços para empresas que não estão sediadas no Piauí. Para eles, as oportunidades de teletrabalho no estado ainda são escassas e muito há de se avançar nessa modalidade no estado. “O Piauí não tem nenhuma oportunidade digna de carreira na área de tecnologia e muito menos de forma remota. Para averiguar essa informação basta fazer uma breve pesquisa em sites que expõem o salário médio dos trabalhadores. Na Glassdor, por exemplo, o salário de uma pessoa de tecnologia no Piauí é, em média, R$2.541,00 para um tecnólogo”, explicou Luan Pallin.

De acordo com o engenheiro de dados, há locais fora do Piauí onde a média salarial, para essa área, é entre R$ 5 a 7 mil. “A visão de carreira para qualquer jovem do Piauí é se formar em medicina ou passar em um concurso público. O mercado privado no estado é precário”, concluiu.

Mais dados do IBGE

²Ainda segundo os dados do IGBE, a unidade da federação com a maior proporção de pessoal ocupado em teletrabalho foi o Distrito Federal, com 16,7%, seguido de São Paulo, com 11,6%. A menor proporção do país ficou com Roraima, com 3,2%. Por sua vez, o Piauí ocupa a 16º no ranking que avalia o percentual de pessoas trabalhando de forma remota.