Portal O Dia

Ministério Público do Trabalho resgata 13 trabalhadores em condições análogas à escravidão no sul do Piauí

O Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) resgatou 13 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda situada na zona rural de Gilbués, região Sul do estado. As irregularidades foram descobertas durante uma operação de fiscalização que apurava denúncias contra a Fazenda Paulista, localizada entre os municípios de Monte Alegre do Piauí e Santa Filomena.

MPT Piauí
Fazenda em que os 13 trabalhadores foram encontrados.

Os trabalhadores haviam sido contratados para o serviço de catação de raízes. Durante a inspeção, os fiscais constataram que os empregados não tinham registro em carteira e não receberam equipamentos de proteção individual (EPIs). Eles desempenhavam suas funções calçando chinelos, em jornadas exaustivas, que iam das 6h30 às 18h.

MPT Piauí
Dormitórios onde os trabalhadores ficavam eram impróprios.

As condições de moradia eram igualmente degradantes. O alojamento estava sujo, sem instalações sanitárias, camas suficientes ou local adequado para refeições. Alguns trabalhadores dormiam em colchões velhos e danificados, enquanto outros improvisavam redes. O ambiente ainda apresentava infestação de ratos, e a água fornecida era quente e imprópria para consumo.

A alimentação era precária, resumindo-se a arroz e feijão mal preparados, e os trabalhadores faziam as refeições no chão, sob árvores, chegando a comer debaixo de chuva em dias chuvosos.

MPT Piauí
Alimentação dos trabalhadores era precária.

O procurador do Trabalho Vinícius Lantyer Oliveira Esquivel, responsável pelo caso, destacou a gravidade das irregularidades encontradas e afirmou que a prática configura trabalho escravo contemporâneo, conforme o artigo 149 do Código Penal.

“Nesse tipo de atividade, lamentavelmente, o trabalho humano tem sido explorado sem condições mínimas de dignidade, como demonstram as fotografias e depoimentos colhidos durante a fiscalização empreendida pelo MPT e pela auditoria-fiscal do trabalho, circunstância que caracteriza o trabalho escravo contemporâneo, nos termos do artigo 149 do Código Penal”, relatou.

O empregador responsável firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT, comprometendo-se a regularizar todas as futuras contratações e garantir condições adequadas de moradia, alimentação, higiene e segurança aos trabalhadores.

O acordo também prevê o pagamento de R$ 65 mil por danos morais coletivos, valor que será pago em dez parcelas. Os recursos serão destinados ao Fundo de Direitos Difusos e aplicados em projetos voltados à promoção do trabalho digno e à reparação trabalhista, em articulação com a Procuradoria-Geral do Trabalho.


Você quer estar por dentro de todas as novidades do Piauí, do Brasil e do mundo? Siga o Instagram do Sistema O Dia e entre no nosso canal do WhatsApp se mantenha atualizado com as últimas notícias. Siga, curta e acompanhe o líder de credibilidade também na internet.