O Instituto Médico Legal (IML) do Piauí se pronunciou nesta quarta (15) sobre o caso dos envenenamentos em Parnaíba e a reviravolta no caso após ficar constatado que os cajus comidos pelas crianças não tinham veneno. De acordo com o IML, os reagentes que possibilitaram fazer os últimos exames e as perícias nas frutas só chegaram ao Piauí no final de dezembro, razão pela qual o laudo só saiu agora no início de janeiro.
A descoberta de que os cajus não estavam envenenados só veio cinco meses depois do envenenamento de João Miguel e Ulisses, e cinco meses após a prisão de dona Lucélia Maria da Conceição Silva, 53 anos, que teria doados as frutas para os meninos. Após o laudo ser divulgado, ela foi posta em liberdade provisória pela Justiça e deixou a cadeia na segunda (13).
Para o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, houve erros processuais na investigação da polícia e o inquérito teria se baseado em “provas fracas”. Em nota, o IML afirmou que sempre foi difícil fazer os exames toxicológicos forenses necessários para os crimes ocorridos no Piauí e que o Estado conta com a boa vontade de estados vizinhos para estes procedimentos. No entanto, os outros estados não têm como receber em um curto espaço de tempo 15 exames, como no caso ocorrido em Parnaíba.
“Quando se recebe, é dois ou três casos após uma espera de vários meses. Devido à quantidade que se tinha para fazer no caso, seria mais lógico aguardar a chegada dos reagentes já comprados e fazer em Teresina, o que de fato foi feito”, disse o IML sobre as perícias.
Além da demora na chegada dos reagentes, o laboratório de exames toxicológicos do Piauí só iniciou seu funcionamento em setembro e, desde então, os peritos piauienses precisaram viajar para fazer treinamentos em vários Estados. O IML informou que, enquanto isso, aguardava a chegada dos materiais para as perícias e eles chegaram em épocas diferentes: primeiro chegaram os reagentes para as perícias nos estômagos das vítimas, motivo pelo qual eles foram divulgados anteriormente.
Mas o reagente que possibilitou fazer os últimos exames, incluindo a perícia nos cajus, só chegou no final de dezembro, segundo informou o IML. O laudo só saiu em janeiro. Simultaneamente a isso, ainda estavam sendo implementados os métodos de análises toxicológicas.
“É um laboratório novo, recém-inaugurado, e cujos peritos estão fazendo todo o esforço para dar conta das demandas. A Polícia Científica piauiense tem feito o que é possível para colaborar na resolução desse caso dos envenenamentos, conforme rezam os métodos científicos forenses”, disse o IML em nota.
Lucélia voltou para Parnaíba
Após ser solta, Lucélia Maria, que estava presa desde agosto, retornou para Parnaíba e está na casa de parentes após ter tido sua residência incendiada à época do envenenamento das crianças. Em entrevista exclusiva a O Dia, ela disse querer viver sua vida “daqui para frente” e disse que tudo o que viveu nos últimos meses a transformou em uma outra pessoa.
No próximo dia 23, ela passará pela audiência de instrução, onde a justiça vai analisar as provas anexadas aos autos e o inquérito entregue pela polícia. Sua defesa espera a absolvição sumária de todas as acusações após o procedimento.
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