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Apenas 12 cidades do Piauí contam com órgão municipal fiscalizador de trânsito

Atualmente, apenas 12 dos 224 municípios do Piauí contam com trânsito municipalizado, ou seja, com órgãos locais responsáveis pela gestão e fiscalização do tráfego urbano. Isso representa cerca de 5% do total de cidades do estado, um número considerado baixo diante da necessidade crescente de controle e organização no setor.

As cidades que já concluíram o processo de municipalização são: Teresina, Parnaíba, Piripiri, Campo Maior, Floriano, Picos, Corrente, Uruçuí, São Raimundo Nonato, Piracuruca, Esperantina e Oeiras.

Divulgação
Apenas 12 cidades do Piauí contam com órgão municipal fiscalizador de trânsito

O dado foi confirmado pelo Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), com base em informações do Governo Estadual. A baixa adesão preocupa autoridades de segurança, saúde e mobilidade urbana, diante do elevado número de acidentes registrados no estado, especialmente envolvendo motocicletas.

Somente em 2024, o estado registrou 9.434 acidentes, dos quais 86% envolveram motos. Dos 2.195 acidentes computados até o momento, 1.809 tiveram motociclistas como vítimas.

O que é a municipalização do trânsito?

A municipalização do trânsito é o processo pelo qual os municípios assumem as responsabilidades pela gestão, fiscalização e planejamento do trânsito em seu território, conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para isso, o município precisa criar um órgão executivo de trânsito, integrar-se ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT) e cumprir uma série de exigências legais.

Entre as atribuições do município estão:

Além de permitir uma ação mais ágil, a municipalização amplia a capacidade de resposta às demandas locais, melhora a eficiência na fiscalização, fortalece a educação para o trânsito, e permite que os recursos arrecadados com multas sejam revertidos em melhorias viárias na própria cidade.

Assis Fernandes/ODIA
Municipalização amplia a capacidade de resposta às demandas locais

Sem esse processo, a fiscalização costuma ficar a cargo da Polícia Militar ou de órgãos estaduais, o que resulta em menor presença nas ruas, aumento da insegurança viária e falta de planejamento urbano integrado.

Grupo de Trabalho definirá ações para a redução da violência viária no Piauí

Para resolver esse problema, na manhã desta segunda-feira (28), foi formalizada a criação de um Grupo de Trabalho Interinstitucional que irá coordenar ações voltadas à redução de sinistros e mortes no trânsito no estado do Piauí. A reunião foi realizada no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI), em Teresina, e contou com a presença de representantes do Ministério Público (MPPI), Detran-PI, BPTran, Strans, Fundação Municipal de Saúde, além das secretarias estaduais de Segurança, Saúde e Educação.

Divulgação/TCE-PI
Grupo de Trabalho definirá ações para a redução da violência viária no Piauí

O grupo tem como objetivo elaborar um diagnóstico técnico com base em dados já disponíveis em diversos órgãos públicos. O relatório deve ser concluído em até 90 dias, e servirá de base para a definição de medidas concretas.

O presidente do TCE-PI, conselheiro Kennedy Barros, destacou que o foco do tribunal é o acompanhamento das políticas públicas, e que os municípios precisam avançar na criação de órgãos fiscalizadores, além de adotar posturas administrativas que evitem, por exemplo, a presença de animais soltos nas vias, que frequentemente causam acidentes.

Divulgação/TCE-PI
Presidente do TCE-PI, conselheiro Kennedy Barros

Já a chefe de gabinete do MPPI, promotora Cláudia Seabra, reforçou que a municipalização é uma obrigação legal e representa uma mudança na gestão pública. “Precisamos entender que trânsito é questão de vida e cabe ao MP fomentar a estruturação desse serviço e exigir que isso seja de fato prestado”, disse.

Próximos passos: municipalização por etapas e consórcios intermunicipais

Durante a reunião, foi discutida a adoção de um modelo por etapas para ampliar a cobertura da fiscalização de trânsito no estado. A proposta inicial é priorizar cidades com mais de 15 mil habitantes, que já possuem estrutura básica e maior demanda de fiscalização.

Em seguida, o plano é estimular a criação de consórcios intermunicipais, que permitirão a pequenos municípios compartilhar estrutura, equipes e recursos para organizar o trânsito de forma regionalizada, especialmente em zonas urbanas conurbadas ou com intensa circulação intermunicipal.


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