O mês de agosto é dedicado à conscientização sobre a leishmaniose, uma doença grave, sem cura para cães, e que pode colocar em risco a vida do animal. Conhecida popularmente como calazar, a enfermidade é transmitida pelo mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), que ao picar um animal infectado pode transmitir o protozoário causador da doença para outros animais e seres humanos.
A campanha “Agosto Verde” busca alertar os tutores sobre os riscos, formas de prevenção e cuidados necessários caso o animal seja diagnosticado com a doença. A médica veterinária Adailma Oliveira destaca que o principal objetivo é conscientizar sobre a importância de evitar que o cão seja contaminado. Ela alerta que existem métodos preventivos como o uso de coleiras repelentes, sprays e pipetas, que ajudam a impedir que o mosquito faça a transmissão.
A leishmaniose é particularmente perigosa porque compromete órgãos vitais como fígado, rins, baço e linfonodos dos animais. Além disso, a evolução pode ser rápida, provocando, por exemplo, ferimentos nas extremidades (orelhas, cauda e patas) e acentuado emagrecimento.
A médica veterinária esclarece um ponto importante: cães e gatos não transmitem diretamente o calazar para humanos. “O contato com esses animais não é capaz de passar a doença. O único transmissor é o mosquito-palha, que ao picar um animal infectado, completa seu ciclo e pode transmitir para outro animal ou pessoa”, explica.
Por isso, Adailma chama atenção para o combate ao preconceito e ao abandono de animais diagnosticados. “Não vamos propagar o abandono nem acreditar que apenas porque um cão ou gato tem leishmaniose ele deve ser descartado. O animal pode continuar vivendo com qualidade desde que receba tratamento e cuidados adequados”, orienta.
Sintomas e evolução da doença em cães
Nem todos os cães infectados apresentam sintomas, o que torna essencial a realização de exames específicos para confirmar ou descartar a presença da doença, sendo os principais sintomas:
- Queda e enfraquecimento do pelo;
- Feridas no focinho, orelhas e ao redor dos olhos;
- Apatia;
- Crescimento excessivo das unhas;
- Perda de peso e emagrecimento progressivo;
- Aumento do volume abdominal;
- Paralisia dos membros.
Tratamento e controle da doença em cães
Nos cães, a leishmaniose não tem cura. No entanto, há tratamentos medicamentosos capazes de controlar a doença e impedir que o animal transmita o protozoário para o mosquito vetor. O tratamento é contínuo e precisa ser seguido rigorosamente, sempre sob supervisão veterinária.
“O cão continuará sendo portador, mas deixará de ser transmissor. Isso exige disciplina na administração das medicações e acompanhamento profissional. Não se deve medicar sem diagnóstico, pois a dosagem e o tipo de tratamento variam conforme a intensidade da doença, algo que só é identificado por meio de exames”, reforça Adailma Oliveira, destacando que, para humanos, ao contrário dos cães, existe tratamento que pode evitar o óbito, desde que a doença seja diagnosticada e tratada precocemente.
Por isso, para evitar o contágio, além do uso de repelentes específicos para cães, é importante manter o ambiente limpo, livre de matéria orgânica acumulada, e evitar que o animal fique exposto ao mosquito, especialmente ao amanhecer e ao entardecer, horários de maior atividade do vetor.
Casos de calazar aumentam no Piauí em 2025
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) mostram que os casos de leishmaniose visceral no Piauí continuam crescendo. Até o primeiro semestre de 2025, foram confirmados 99 casos da doença, com quatro mortes registradas em municípios distintos.
A morte mais recente com suspeita de calazar foi a do chef de cozinha José Micael Morais Sampaio, de 30 anos, ocorrida no dia 5 de agosto. A Sesapi informou que ainda não recebeu a notificação oficial do caso.
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Os números deste ano já representam quase metade do total de 2024, quando foram registrados 127 casos — sendo 41 apenas em Teresina. Neste ano, até junho, a capital contabiliza 35 casos confirmados, seguida por Parnaíba e Miguel Alves, com cinco casos cada.
Com relação aos óbitos, em 2025 já são quatro mortes confirmadas, contra 15 no ano passado, distribuídas entre cidades como Teresina, Cocal, União, Pedro II e Parnaíba. Teresina segue como o município com mais registros da doença e pode ultrapassar, nos próximos meses, o número de casos do ano anterior, caso a tendência de aumento se mantenha.
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