A História é feita por pessoas e transmitida por pessoas. E como tal, se torna tendenciosa, sim, mas também, rica. Só que quando essas pessoas se calam, a História tende a se calar também. Nos dias de hoje, em que a tecnologia tem sido a grande companheira das pessoas no dia a dia, os diálogos se tornam mais escassos e as pausas são preenchidas com figurinhas e mensagens curtas. As estórias contadas vão deixando se ser ouvida e, nisso, a História vai perdendo voz e lugar.
Rito popular e uma ode à cultura, as lendas urbanas são mais que histórias fantasiosas. São a epítome da tradição que, contada de geração em geração, traduzem em estórias a História. Foi para não deixar que as lendas e a carga cultural que elas carregam se percam que a estudante de Medicina, Ystefani Lima, 24 anos, decidiu compartilhar estórias. Em seu primeiro livro “Onde as lendas ainda vivem: histórias mágicas do Piauí e Maranhão” ela desvela um pouco das histórias que permeiam a memória coletiva popular e representam de forma simples as durezas e belezas da vida de quem vive aqui.
Na obra, ela traz seis lendas populares (três do Maranhão e três do Piauí) que contam bastante da História de seu povo e de sua terra. Natural de Pircuruca, Ystefani decidiu enveredar pelas lendas folclóricas para suprir o vazio literário que sentia quando olhava para a própria existência e de seu povo. “À medida que fui pesquisando, percebi que havia um déficit muito grande nos relatos da nossa história. E as lendas, apesar de muito ricas em enredo e fantasia, não tinham sido repassadas como mereciam. Então quando a gente resgata esse patrimônio imaterial, a gente perpetua tradições do nosso estado, da nossa gente”, conta.
Em “Onde as lendas ainda vivem”, o leitor vai encontrar os contos maranhenses A serpente encantada, A lenda de Ana Jansen, e Lençóis maranhenses; e os contos piauienses A lenda dos Irmãos Dantas, As sete cidades encantadas e Serra da Capivara. São estórias que contam de forma envolvente a História do Piauí e do Maranhão. A proposta é reviver a tradição da contação de relatos populares par não deixar os registros passados morrerem.
Ystefani fez uma pesquisa de cerca de um ano para compilar as lendas de seu primeiro livro. Conversou com professores, figuras importantes e conhecidas das comunidades onde viveu e reuniu os relatos no volume, que está sendo lançado digitalmente nesta sexta-feira (25). O livro está disponível para download gratuito.
“Durante a minha pesquisa, percebi que eram lendas parecidas as que ouvia dos piauienses e dos maranhenses, mas que se diferenciavam só pelo relato que era dado. Como uma forma de identidade que conectava o Piauí e o Maranhão. Mesmo sendo histórias distintas, elas se conectavam com a sensação de pertencimento daquele povo. As lendas são uma coisa lindíssima que temos e que é nossa. Precisamos transmitir para as futuras gerações e aprender a apreciar não só as coisas que são de fora, as histórias de princesas e príncipes encantados. Mas as nossas histórias. Temos contos belíssimos que só precisam ser ouvidos e desvendados”, finaliza Ystefani.
A proposta é que o livro Onde as lendas ainda vivem seja distribuído nas escolas públicas tanto do Piauí, quanto do Maranhão posteriormente. Segundo a autora, esta é uma forma de manter viva as lendas para as próximas gerações e, ao mesmo tempo, homenagear os mais velhos que "são bibliotecas vivas do nosso povo".
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