A última cúpula do G20, realizada em setembro de 2023 na Índia, marcou um momento inédito com a inclusão oficial da União Africana como membro permanente do grupo. Essa decisão amplia a presença africana no G20, que já contava com a África do Sul como representante individual. A entrada da União Africana, composta por 55 países, leva a representatividade do G20 para 97 nações, direta ou indiretamente, refletindo quase metade dos países soberanos do mundo. O convite se alinha com esforços de diálogo e cooperação em temas como economia, segurança alimentar e transição energética.
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Criado em 1999, o G20 foi inicialmente uma plataforma para ministros das finanças e líderes de bancos centrais das principais economias, incluindo Brasil, China, Estados Unidos, entre outros. Em 2008, a composição passou a incluir chefes de estado e, em 2023, sob iniciativa da Índia e apoio dos Estados Unidos, a proposta de entrada da União Africana foi formalizada e aprovada, marcando uma expansão no papel de liderança global do G20.
Essa mudança estratégica representa a integração de um bloco que abrange uma população de 1,4 bilhão de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de aproximadamente US$ 2,86 trilhões, conforme dados do FMI. O G20 agora busca fortalecer os laços com a União Africana, particularmente com foco na agenda de desenvolvimento sustentável conhecida como Agenda 2063, que visa transformar o continente africano em uma potência global.
Os líderes do G20 afirmaram que a participação da União Africana é essencial para enfrentar os desafios globais e ressaltaram o papel da África no cenário econômico e ambiental mundial. A inclusão da União Africana reforça o compromisso do G20 com o desenvolvimento sustentável e a transição para uma economia de baixo carbono, dado que o continente africano possui vastos recursos minerais críticos para essa transformação.
Para a União Africana, essa participação é uma oportunidade para ampliar seu papel nas discussões sobre segurança alimentar, questões climáticas e estabilidade regional. Segundo o diplomata Antonio Augusto Martins Cesar, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o continente africano detém as principais reservas minerais para a transição energética. Ele destaca que o G20 pode apoiar a África na busca por estabilidade interna, necessária para desenvolver seu potencial agrícola e mineral.
O que é G20
O G20, ou Grupo dos 20, é um fórum internacional que reúne as principais economias do mundo, incluindo 19 países e a União Europeia. Criado em 1999, o G20 foi inicialmente um fórum para discussões econômicas entre ministros das finanças e chefes dos bancos centrais, mas desde 2008 passou a incluir também encontros anuais entre chefes de Estado e governo.
Os países membros do G20 representam cerca de 85% da economia global e dois terços da população mundial. O grupo foi criado para promover a cooperação econômica e financeira internacional, abordando temas como crescimento econômico, estabilidade financeira, desenvolvimento sustentável, comércio, mudanças climáticas e redução da pobreza.
Além dos membros fixos, o G20 costuma convidar países e organizações internacionais para participar das reuniões, como é o caso da recente adesão da União Africana como membro permanente, ampliando a representatividade do grupo.
Os países membros do G20 são:
- África do Sul
- Alemanha
- Arábia Saudita
- Argentina
- Austrália
- Brasil
- Canadá
- China
- Coreia do Sul
- Estados Unidos
- França
- Índia
- Indonésia
- Itália
- Japão
- México
- Reino Unido
- Rússia
- Turquia
- União Europeia (representada pelo Conselho Europeu e pela Comissão Europeia)
Recentemente, a União Africana também passou a fazer parte do G20, ampliando a diversidade e representatividade do grupo.