Nesta segunda-feira (17), Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, a data internacional chama atenção para a situação das regiões em processo de desertificação aqui no Piauí. Uma delas fica em Gilbués, município considerado uma das regiões mais afetadas pela desertificação no Brasil. Para reverter o problema ambiental, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) está à frente de projetos que visam recuperar áreas degradadas no Piauí.
Uma das iniciativas é o Nuperade – Núcleo de Pesquisa em Recuperação de Áreas Degradadas – em Gilbués. Atualmente, o projeto está em execução em uma área de 10 hectares, e a meta é alcançar até 1.600 hectares recuperados até o ano de 2029. As ações incluem desde o plantio de espécies nativas até o uso de tecnologias específicas para restaurar a produtividade do solo.
“Estamos focados em recuperar o que foi destruído e evitar novos danos. O Nuperade é um exemplo disso, unindo ciência com ações práticas que podem ser levadas para outras regiões com os mesmos problemas”, explica Aline Araújo, analista ambiental da Semarh. A Semarh também está atuando junto a responsáveis por desmatamentos ilegais.
A orientação da Secretaria é que quem causou o dano participe diretamente da recuperação ambiental. Mesmo em casos de desmatamento autorizado, a reposição florestal é obrigatória, com prioridade para áreas já degradadas. As ações são acompanhadas por equipes técnicas.
O programa contempla ainda a proteção de nascentes, o reflorestamento com espécies nativas do bioma local e o incentivo a práticas agrícolas sustentáveis. Este ano, foi aprovado o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE/PI), um plano estratégico com metas definidas, construído de forma participativa com especialistas, comunidades e órgãos públicos.
O secretário da Semarh, Feliphe Araújo, sustenta que os efeitos da desertificação vão além do meio ambiente. “Desertificação é também um problema social. Quando a terra fica improdutiva, afeta a vida das famílias que dependem dela. Por isso, nossas ações têm um olhar integrado: proteger o meio ambiente e garantir qualidade de vida para as pessoas. Esse é o compromisso do Governo do Estado com as futuras gerações.”
Histórico da desertificação em Gilbués
Gilbués, a 797 km de Teresina, está entre as quatro áreas mais críticas do país em processo de desertificação. A degradação já compromete 805 km² da caatinga, afetando cerca de 149 mil pessoas, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. A desertificação no município se arrasta há décadas.
Em 2006, o Governo Federal criou um programa para incentivar o uso de tecnologias que reduzissem a degradação do solo e recuperassem áreas para o cultivo de alimentos. No entanto, os impactos das mudanças climáticas têm agravado ainda mais a situação. De acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2021, projeções indicavam que a temperatura da região poderia subir entre 2,3°C e 2,5°C, além da redução de até 20% nas chuvas nos anos seguintes.
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