Uma profissão que remonta os tempos antigos, quando os calçados eram artesanais e essenciais para proteger os pés em diferentes condições climáticas e solos. Ao longo da história, os sapateiros desempenharam um papel importante na sociedade, combinando habilidade manual com conhecimento técnico para criar e consertar calçados. Um ofício antigo e que permanece vivo nos dias atuais, os sapateiros não apenas consertam, mas também fazem outros serviços personalizados, como ajustes e adaptações, prolongando a vida útil do calçado e garantindo conforto. Há, ainda, quem não queira se desfazer de determinada peça por afeição e opte pela restauração, devido ao seu valor sentimental.
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Um dos locais que ainda é possível encontrar sapateiros em Teresina é na Praça Rio Branco, no Centro da capital. É lá onde trabalha José Wilson Ramos Lima (57), sapateiro há quase cinco décadas. Ele e seus irmãos aprenderam o ofício com o pai quando ainda eram crianças. Foi com o dinheiro dos reparos que seu pai criou e cuidou dos sete filhos, inspirando três deles a seguir pelo mesmo caminho.
“Eu trabalho há 45 anos como sapateiro e meu pai trabalhou por mais de 50 anos. Continuamos com a profissão depois que ele faleceu e, atualmente, somente eu e mais dois irmãos seguimos com o ofício e nós vivemos disso. Não é um trabalho difícil, a gente só precisa se qualificar e fazer bem feito, para que a clientela continue nos procurando”, conta.
‘‘Zé Wilson’’ divide o espaço com o irmão, Dieison Bezerra da Silva (37). Os dois consertam sapatos, tênis, bolas, bolsas, mochilas e malas. Trabalham de segunda a sexta, das 7h às 18h, e aos sábados até às 12h. Uma rotina puxada, mas prazerosa, afinal, além de manterem vivo o ofício que o pai ensinou, ainda conseguem voltar para casa com o sustento da família.
“Trabalho aqui há 25 anos e aprendi a profissão de sapateiro com 12 anos, quando meu pai me trouxe pela primeira vez. Gostei e decidi que queria trabalhar com isso. É com o dinheiro daqui que sustento minha família, que comprei minha casa própria e meu transporte. Meus filhos estudam, mas se meu menino quiser seguir a profissão do pai, irei incentivá-lo”, comenta Dieison Bezerra da Silva.
Todos fazem de tudo um pouco. Enquanto “Zé Wilson” costura sapatos e remenda bolas, Dieison conserta bolsas, aplicando os zíperes. Um trabalho manual que exige atenção e cuidado, afinal, o resultado precisa ficar bem acabado. É esse zelo que faz cativar os clientes, que sempre voltam quando precisam.
“As pessoas ainda trazem as peças para consertar, principalmente aquelas que têm um apego emocional. Aqui tudo tem conserto, o que chegar aqui, eu arrumo. Pretendo continuar nesse ofício enquanto Deus me der força, pois é muito bom trabalhar com irmãos; esse ofício veio de família, com nosso pai, e estamos mantendo a tradição”, complementa Dieison Bezerra.
Quem também mantém vivo o ofício de sapateiro, herdado pelo pai, é Joaquim Lima Nunes (69). Ele aprendeu a profissão quando tinha apenas 15 anos e trabalha há quatro décadas somente na Praça Rio Branco, centro de Teresina. O trabalho veio como uma forma de ajudar em casa, quando ainda era adolescente. Quando casou, passou a ser o único sustento da família. Hoje, ele divide seu espaço com dois filhos, que escolheram seguir o mesmo ofício do pai.
“Meu pai era sapateiro, no bairro Aeroporto. Gostei da profissão e, como eu estava sem trabalhar e queria ajudar meus pais, passei a trabalhar com isso também. Foi quando me casei e vim trabalhar aqui na praça. É com o dinheiro que tiro daqui que sustento minha família. Meus filhos aprenderam comigo e hoje também são sapateiros. A procura ainda é grande, e sempre aparece trabalho, como remontaria, costura e engraxate. Tudo é feito manualmente e, dependendo do conserto, dá bastante trabalho consertar, mas nada que esforço e cuidado não resolva. Eu não trocaria minha profissão por outra e sou muito feliz com o que faço”, complementa Joaquim Lima.
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