A capitalização dos criptoativos no mundo voltou a marcar território acima de 4 trilhões de dólares, um salto de 200 bilhões de dólares em apenas duas semanas, liderado pela arrancada do Bitcoin para a casa dos 120 mil dólares. O número impressiona, e explica por que ativos digitais deixaram de ser assunto restrito a fóruns de tecnologia e ganharam espaço nas planilhas de alocação de investidores brasileiros.
Além disso, a infraestrutura doméstica evoluiu muito com o marco regulatório próprio, novas regras de imposto de renda e a reta final do projeto Drex, o real digital, que mostram um ecossistema amadurecido com uma rapidez incomum dentro da América Latina. Mas na hora de buscar as melhores ICO de criptomoedas é preciso entender a base sobre a qual esse mercado se apoia.
O Brasil figura hoje na 9ª posição do Índice Global de Adoção de Cripto da Chainalysis. Entre julho de 2023 e junho de 2024, foram movimentados cerca de 90 bilhões de dólares em ativos digitais no país, cifra que coloca o mercado brasileiro lado a lado com o mexicano e o argentino no ranking latino‑americano.
O arrastão institucional ajuda a explicar essa posição, pois apenas a exchange Mercado Bitcoin já ultrapassou 4 milhões de clientes, segundo dados corporativos divulgados em junho de 2025. Do lado da regulação, o Marco Legal dos Criptoativos (Lei 14.478/2022) está plenamente em vigor e conferiu ao Banco Central a missão de supervisionar prestadores de serviços de ativos virtuais.
Foi também o BACEN que capitaneou o Drex, cuja segunda fase deve terminar até o fim do segundo semestre de 2025. A autarquia já fala em expansão de casos de uso no varejo financeiro, com expectativa de que 30% das transações digitais passem pela nova infraestrutura em até três anos.
No campo tributário, a Receita Federal derrubou em junho de 2025 a isenção de ganhos para vendas inferiores a R$35 mil mensais. A partir de 2026, todo lucro em cripto é taxado de forma única em 17,5%, equiparando o tratamento ao de outros investimentos financeiros.
Porém, a performance ainda chama a atenção. Em 2024, o Bitcoin entregou um retorno de 122%, mesmo com a volatilidade anualizada da moeda caindo para menos de 50%, o patamar mais baixo já registrado, segundo relatório da ARK Invest. Para efeito de comparação, o Ibovespa acumulou ganhos de pouco mais de 16% apenas no primeiro semestre de 2025.
A disparidade joga luz sobre a tese de que, apesar dos riscos inerentes, cripto continua a oferecer assimetria de retorno difícil de replicar em ativos tradicionais. A volatilidade, claro, permanece no radar. O desvio‑padrão de 30 dias do Bitcoin caiu de 62% no início de 2024 para pouco mais de 45% em meados de 2025. Ainda supera com folga o índice do Ibovespa, que costuma oscilar abaixo de 20%.
Mesmo assim, especialistas apontam que a participação cada vez maior de ETFs e de fundos listados no exterior tem contribuído para suavizar os picos de preço, marcando a transição de “Velho Oeste” para dinâmica mais próxima de Wall Street.
Adequação por perfil de investidor e avaliação de risco
Enquanto apenas 4% dos brasileiros declararam possuir criptomoedas em 2024, segundo a 8ª edição do Raio‑X do Investidor Brasileiro da Anbima, o interesse segue crescendo em determinados nichos, sobretudo entre investidores mais jovens e de perfil arrojado.
Essa fatia relativamente pequena do mercado reflete, em boa medida, a cautela que analistas recomendam ao encaixar ativos digitais em uma carteira diversificada. A própria CVM, em estudo sobre o processo de suitability divulgado em janeiro de 2025, reforça que o assessor deve avaliar experiência, objetivos e tolerância a perdas antes de sugerir criptoativos.
Especialistas costumam dividir a discussão em três arquétipos. Para o investidor conservador, que prioriza liquidez e preservação de capital, a exposição recomendada não ultrapassa 2% do portfólio, funcionando mais como instrumento de aprendizado do que de retorno.
No perfil moderado, a participação sobe para algo entre 2% e 5%, desde que o restante da carteira, renda fixa indexada à inflação, por exemplo, continue compensando a volatilidade de curto prazo. Já o agressivo pode ultrapassar os 10%, assumindo conscientemente eventuais drawdowns mensais na casa de dois dígitos.
A Resolução CVM 88/2022, que modernizou as regras de crowdfunding, tornou mais flexível a captação de até R$ 15 milhões por sociedades de pequeno porte, porém manteve a obrigação de divulgação de informações periódicas e proteção ao investidor. Estratégias de mitigação de risco ganharam corpo.
O uso de Dollar‑Cost Averaging (DCA) vem crescendo. Outro instrumento que atrai perfis moderados é a stablecoin BRZ, lastreada em real. Seu volume médio diário gira entorno de 50 mil dólares em junho de 2025, facilitando remessas e hedge cambial para freelancers e importadores.
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