O primeiro dia de provas do Enem 2025 já acontece neste domingo (9) e a maioria dos candidatos dedica as últimas horas de preparação à redação. Para muitos alunos, a produção textual é o momento decisivo e o mais desafiador do exame. O professor Sammuel Souza, que é especialista em preparatório para Enem e vestibulares em geral, lembra que, para começar, o estudante não pode descuidar da base técnica.
Na Competência 1, que avalia o uso adequado da língua portuguesa, o foco está em conteúdos como crase, uso da vírgula e acentuação gráfica. “São conteúdos muito importantes que ele pode, de uma maneira muito assertiva, fazer uma revisão geral, olhando sobretudo os próprios textos, os desvios que ele cometeu. Fazer uma seleção daqueles erros para que ele possa estudar e acertar”, afirma.
Em termos práticos, o educador ressalta que vale revisitar redações anteriores, feitas como treino ao longo do ano, observar os erros que foram marcados, anotá-los e transformá-los em um “checklist pessoal” de revisão. Esse cuidado técnico costuma fazer a diferença no resultado final.
Quando se avança para a Competência 2, que avalia a argumentação, o professor sugere que os alunos busquem repertório a partir de músicas com temática social, documentários nas áreas de educação ou meio ambiente, etc. “Uma ótima fonte de informação agora é música. Documentários também, na área de educação, de meio ambiente. E pode ser, inclusive, nos momentos de pausa, que eu digo sempre, é uma pausa produtiva”, destaca.
Isto é, não é necessário se tornar um robô e estudar ininterruptamente, sem descanso. Podem e devem existir momentos de relaxamento inteligente, que alimentem o repertório sem a sensação de obrigatoriedade e sem causar exaustão.
Na estratégia de revisão final, Souza orienta para a volta ao que já viram. “Revisar os textos. Veja quais foram os argumentos que ele utilizou. Faça um levante de ideias a partir dos eixos temáticos, segurança pública, meio ambiente, educação. É uma excelente estratégia agora, a revisão por eixos temáticos”, instrui ele.
Ou seja, o principal método agora é criar colunas ou quadros em que sejam relacionados o tema (meio ambiente, educação, segurança pública, etc), possíveis argumentos que já foram trabalhados, repertório (dados, filmes, músicas) e, depois, analisar como reutilizar esses insumos na redação.
Para o dia da prova, o professor chama atenção para pistas que ajudam a desenvolver o texto, mesmo que o tema seja diferente dos que foram praticados. “O tema do Exame Nacional do Ensino Médio é sempre um tema que envolve direitos humanos. Traz direto ou indiretamente a cidadania de alguma minoria social ou de algumas minorias sociais”, diz.
Isso implica que o aluno deve estar preparado para identificar, logo de início, comandos como “como garantir”, “como enfrentar”, “como assegurar”, “como promover”, presentes nas propostas. E que a proposta de intervenção tem de estar presente, segundo a matriz da redação do Enem.
Quanto ao uso inteligente do tempo no dia D, Sammuel compartilha uma “receita” especial. Primeiro, leitura atenta do recorte temático e de textos motivadores; depois, brainstorming, ou seja, anotar ideias soltas, marcar ideias principais, planejar o que será argumentado, rascunhar; em seguida, se for possível e se foi sua estratégia de estudo durante o ano, voltar à prova objetiva de outra área (linguagens ou humanas), oxigenar o cérebro e, então, retornar ao texto definitivo. Isso ajuda a evitar que o estudante fique travado logo de cara ou perca muito tempo apontando palavras-chave sem articular ideias.
Já sobre palpites de tema, o professor faz advertências sobre a falta de repetição que o exame apresenta. “A prova não repete eixos temáticos, nem recortes, muito menos eixos temáticos. Ano passado nós tivemos um tema sobre cultura. Possivelmente, há uma possibilidade muito grande de não ser cobrado novamente”, diz.
Ele sugere que os alunos foquem em eixos com “saúde, educação, segurança pública” ou ainda “meio ambiente”, “cidades (mobilidade urbana, moradia, saneamento básico, etc)”. Especialistas têm levantado listas de possíveis eixos para 2025 como acessibilidade nas escolas, vício em apostas, mudanças climáticas, mobilidade e cidades, análise de tecnologias.
O recado principal é evitar apostar com base no “achismo” puro. Trate palpites como treino, não como destino certo.
LEIA TAMBÉM
Preparo psicológico
Por fim, há dois pontos que ninguém pode ignorar, embora não façam parte direta da técnica textual, mas que têm impacto real no desempenho, que são o preparo psicológico e físico. É essencial cuidar do sono, do corpo, e se apoiar nas pessoas ao redor.
Segundo o professor, é importante alimentar-se bem, praticar atividade física leve e evitar ambientes de alta tensão. “Não exagerar, dormir bem, buscar pessoas que lhe façam bem, fugir de situações estressantes, ouvir músicas, assistir alguns filmes ou documentários específicos. Isso pode ser um descanso produtivo”, reforça.
Quando a mente está descansada, o raciocínio flui melhor. Porém, quando está cansada ou ansiosa, erros pequenos e simples de técnica ou argumentação podem se multiplicar e prejudicar o resultado final.
Na reta final, o estudante que revisa com foco técnico, se atentando a erros de língua e estrutura do texto, ampliando repertório com intencionalidade (através de músicas, documentários e leituras diversificadas) e controlando o tempo da prova com estratégia, já está num patamar acima. Desde que mantenha, também, a serenidade.
A redação pode ser o diferencial que abre ou fecha o caminho da aprovação. Respire fundo, leia atentamente, escreva com clareza e mostre que você entende o problema e sabe propor uma solução.
Você quer estar por dentro de todas as novidades do Piauí, do Brasil e do mundo? Siga o Instagram do Sistema O Dia e entre no nosso canal do WhatsApp se mantenha atualizado com as últimas notícias. Siga, curta e acompanhe o líder de credibilidade também na internet.