O Padre Júlio Lancelotti, pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, na zona leste de São Paulo, foi impedido de transmitir missas ao vivo e deverá se afastar temporariamente das redes sociais por determinação da Arquidiocese de São Paulo. A decisão, atribuída ao cardeal Dom Odilo Scherer, foi comunicada nos últimos dias e ocorre em um contexto de forte visibilidade pública do religioso, que atua há cerca de quatro décadas na mesma paróquia.
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Apesar da suspensão das transmissões on-line, as celebrações continuarão ocorrendo de forma presencial. A orientação da Arquidiocese também abre a possibilidade de uma eventual remoção do padre da paróquia, embora essa hipótese ainda não tenha sido oficialmente confirmada.
As últimas publicações nos perfis do padre ocorreram há cerca de seis dias. Em nota, a Paróquia São Miguel Arcanjo informou que as redes sociais não serão atualizadas durante um período de recolhimento, definido como temporário, em alinhamento com a Arquidiocese.
Pronunciamento do padre após missa do Advento
Após a celebração do 3º Domingo do Advento, o Padre Júlio Lancelotti fez um pronunciamento aos fiéis presentes na igreja. Na fala, ele agradeceu à equipe que participou das transmissões das missas ao longo dos últimos anos, destacando o esforço coletivo envolvido nesse trabalho pastoral.
Durante o discurso, o sacerdote utilizou uma metáfora para se referir ao momento vivido. Ao falar sobre resistência e fé. “Mesmo que a gente fique sem ar, vai aparecer um tubo de oxigênio”, ressaltando que, para ele, “o amor de Deus é o oxigênio”, disse o padre ao final da celebração.
Trajetória do Padre Júlio Lancelotti e atuação social
Coordenador da Pastoral do Povo da Rua, o Padre Júlio Lancelotti é reconhecido nacionalmente por seu trabalho junto a pessoas em situação de rua, adolescentes em conflito com a lei e crianças vivendo com HIV. Sua atuação na região do Belenzinho, na zona leste da capital paulista, começou há quase 40 anos e se consolidou como uma das mais visíveis da Igreja Católica no campo social.
Ao longo desse período, o sacerdote construiu uma relação próxima com movimentos sociais e organizações da sociedade civil, o que frequentemente o colocou no centro de debates públicos e políticos.
Nos últimos anos, o Padre Júlio Lancelotti esteve envolvido em embates com o poder público municipal. Em 2023, ele acionou judicialmente a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) contra a remoção de barracas utilizadas por pessoas em situação de rua.
Além disso, o padre já foi alvo de críticas de políticos ligados à direita e chegou a ser citado em discussões sobre a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo, voltada à atuação de organizações não governamentais na região da Cracolândia, no centro da cidade.
Até o momento, não há confirmação oficial sobre uma possível transferência do padre da Paróquia São Miguel Arcanjo, hipótese que ele próprio negou em contatos recentes.
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