Vivemos um tempo em que a verdade compete com narrativas fabricadas, vídeos manipulados e manchetes que priorizam o engajamento em vez da precisão. Na era da desinformação, a capacidade de acessar e interpretar conteúdos digitais tornou-se mais que essencial: é uma responsabilidade. Nesse contexto, a alfabetização midiática e informacional deixa de ser um diferencial e passa a ocupar o centro do debate sobre democracia, cidadania e segurança digital.
O artigo “Por que a alfabetização midiática e informacional é essencial na era da desinformação”, publicado na página do Fórum Econômico Mundial aborda o tema e reconhece essa competência como indispensável para a proteção do discurso democrático, da coesão social e da confiança pública.
O texto destaca cinco pontos que merecem reflexão. Primeiro, a crescente complexidade do ambiente informacional, moldado por curadorias algorítmicas, incentivos comerciais e tecnologias como a inteligência artificial generativa. Segundo, o reconhecimento de que a alfabetização midiática e informacional vai além da alfabetização midiática tradicional. Ela é prioridade global e seu alcance deve ir além da escola e da juventude, abrangendo alfabetização digital em direitos humanos, notícias, publicidade, informática, privacidade e inteligência artificial (IA). Terceiro, a proposta de um novo modelo de resiliência, baseado na combinação entre o ciclo de vida da desinformação e o modelo socioecológico. Quarto, a constatação de que os esforços atuais seguem fragmentados e pouco inclusivos, especialmente no que diz respeito à formação continuada de adultos. E, por fim, a defesa de soluções coordenadas, envolvendo todos os níveis sociais, do indivíduo ao Estado.
Sobre o assunto, vale citar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ela estabelece competências essenciais para a educação básica, entre elas a Cultura Digital, voltada para o desenvolvimento da educação midiática, que busca promover o acesso atualizado e a produção consciente de conteúdos, além de estimular o protagonismo jovem. Trata-se de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. (BNCC, 2017, p. 9).
Essa diretriz demonstra que a alfabetização midiática deve ser um compromisso não apenas institucional, mas curricular. Afinal, não basta investir em conectividade se não capacitarmos as pessoas a discernirem o que consomem. A desinformação não é apenas uma falha de conteúdo, mas um risco estrutural à integridade informacional, à reputação de indivíduos e instituições e ao próprio Estado de Direito.
A formação para o consumo consciente de informação deve ser incorporada às políticas públicas, às diretrizes educacionais e aos códigos de conduta das plataformas digitais. Isso implica integrar a alfabetização midiática a currículos escolares, treinamentos profissionais e estratégias de comunicação institucional. Implica também compreender que o combate à desinformação não pode recair exclusivamente sobre o usuário: é dever compartilhado de educadores, empresas, jornalistas, desenvolvedores e legisladores.
Recomendo a leitura do artigo completo do Fórum Econômico Mundial para quem deseja compreender os caminhos possíveis para enfrentar um dos maiores desafios contemporâneos. O combate à desinformação começa com a educação, e educar, hoje, é também ensinar a desconfiar, investigar, comparar e questionar.
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